Uma história no Piauí foi comentada no Brasil todo e foi destaque na edição do Fantástico deste domingo (17/05). Durante um assalto, uma jovem de 21 anos teve uma atitude impensada que quase custou a vida dela. Aconteceu quando ela esperava para fazer uma aula na autoescola.
Fantástico: Você hoje poderia estar morta. Você tem consciência disso?
Jovem: Tenho.
As câmeras de segurança da autoescola mostram o momento em que chega um homem de capacete. Já na sala de espera, ele anuncia o assalto e recolhe os celulares de três das quatro pessoas que estão ali.
“Foi quando eu escondi o meu celular e coloquei a mão na bolsa, querendo achar alguma coisa, se ele queria dinheiro alguma coisa. E ele dizia: ‘Eu quero o celular’. Eu disse: ‘moço, eu não tenho celular’. Ai ele disse: ‘Tem sim, sua vagamunda eu vi’, apontando para minha bolsa, toda hora. ‘Bora, bora, passa o celular, passa o celular’. ‘Eu vou procurar, moço, calma, tá na minha bolsa’”, conta Amanda.
As imagens chamaram atenção principalmente pela reação dela. “Quando ele pediu para o menino ir lá atrás do balcão pegar outros celulares, das pessoas da autoescola, e ele toda hora ali, em cima de mim. Aí foi quando eu levei a coronhada, e foi quando eu saquei o spray”, relembra.
A jovem usou um spray de pimenta e o criminoso tentou atirar nela duas vezes. E, por duas vezes, a arma falhou.
Fantástico: E o que você sentiu quando você notou que ele tentou disparar a arma?
Jovem: Muito medo, sabe. Eu estava esperando mesmo, eu já estava conformada que ele iria atirar em mim. Só fechei os olhos e baixei a cabeça. Já estava esperando. Aí eu abri, ‘Estou viva então, é agora, eu tenho que sair daqui’.
Fantástico: E por que você reagiu?
Jovem: As pessoas já estão cansadas de viver refém de bandido. Você passa um ano todo para ganhar, para juntar dinheiro, sabe. E uma pessoa em um dia só leva tudo.
O sentimento de impotência é comum em quem já passou por isso, mas a reação da jovem estudante de Direito é condenada por especialistas em segurança e também por quem foi vítima daquele mesmo assalto.
Na recepção da autoescola, também estavam Wanderson, Marcos Vinicius e Francijane.
Fantástico: Você acha que essa atitude que ela teve foi certa?
Francijane Reis, advogada: Não, jamais.
Fantástico: O que você imaginou que poderia ter acontecido?
Francijane Reis: Ele poderia ter se revoltado e atirado em todo mundo.
Wanderson Barbosa estava bem ao lado da estudante e foi obrigado a ajudar no assalto. “Ela correu risco de morte, ele podia ter matado ela, porque ele atirou nela, só que a arma não prestou”, diz o estudante.
A arma usada pelo bandido era um revólver calibre 38 com capacidade para seis balas, mas o que pode ter acontecido para uma arma como esta não disparar? O bandido, que foi preso, tinha apenas duas balas no revólver. Para o coronel Silva Ramos, da Polícia Militar, se houvesse uma terceira tentativa de tiro, o final dessa história seria outro.
“A arma não falhou. Quem falhou foi o agressor. Como ele só tinha dois cartuchos e colocou na posição errada, era necessário que ele imprimisse pelo menos três vezes o gatilho, para que houvesse a deflagração”, explica o coronel Silva Ramos.
Foi como se a jovem tivesse sobrevivido a uma roleta russa. “A recomendação da Polícia Militar é que não haja reação por parte da vítima em situações de roubo ou assalto. No caso em questão, a vítima teve muita sorte, foi caso excepcional onde o fim poderia ter sido muito trágico”, diz o major Adriano de Lucena.
Ainda traumatizada, a mãe da universitária também prefere não mostrar o rosto. “Ela nasceu novamente. Deus deu outra chance para mim e para ela, me deu a chance de ser mãe novamente, de continuar sendo mãe”, afirma.
Fantástico: Faria isso de novo?
Jovem: Não faria. Sei que foi muito arriscado. Eu sou toda medrosa para sair na rua. Não parece que sou eu.
Fonte: Com informações do G1 /180