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AILEPI: Desenvolvimento em laticínio no Piauí

Presidente da Associação das Indústrias de Laticínios no Estado do Piauí, Delmar Siqueira Foto: Arquivo Pessoal

A Fazenda Frade localizada em São João da Varjota, próximo à Oeiras, tem aproximadamente 270 anos. Atualmente, é o segundo maior gerador de empregos na cidade. Sendo 12 pessoas com carteira registrada e cerca de 80 profissionais flutuantes. Passando por várias gerações, hoje é administrada pelo engenheiro civil Delmar Siqueira, que herdou a fazenda.

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Presidente da Associação das Indústrias de Laticínios no Estado do Piauí, Delmar Siqueira
Foto: Arquivo Pessoal

Delmar é natural de São João da Varjota, e aos quatro anos mudou-se para Recife com os seus tios irmãos e sua mãe para estudar. Eles viajavam quatro dias de caminhão de São João da Varjota á Recife. E mesmo anos depois, o empresário não deixou suas raízes, e os amigos de infância.

“Cada viagem de caminhão era uma aventura maravilhosa. Todo mundo ia estudar com muita dificuldade e o melhor era voltar para cá, por que aqui tinha fartura, até de comida mesmo. Eu tive muita sorte. A importância da fazenda é principalmente por causa da convivência com os meus tios irmãos, com o meu avô e os meus amigos do São João, que era com eles que ia pescar, caçar, jogar e bola. Eles são meus amigos até hoje e isso foi essencial por que ao ver a simplicidade, cumplicidade e autenticidade do homem do campo, me esforcei ao máximo para copiar”, relata o empreendedor.

Na Fazenda Frade a produção é dividida em dois pilares, cajucultura e a bovinocultura de leite. No aspecto do caju são 2 hectares irrigadas e em 2017 será ampliado mais 5 hectares irrigadas, “na plantação o que deu certo foi a tecnologia, apesar de não termos as condições mínimos, temos a irrigação”, explica o engenheiro.

E continua, “o leite foi uma necessidade do potencial, produzir é fácil. Em uma atividade empresarial eu falo que 49% é a produção, então, não adianta produzir o leite para sustentar somente a fazenda se eu não tiver um canal de escoamento. E me lançaram o desafio de administrar o laticínio, que hoje tem o nome fantasia de Laticínio Frade”.

No Piauí a produção de laticínio é pouca, aproximadamente dez produtores. Pensando nos problemas e soluções dos agricultores, alguns proprietários do estado, criaram a Associação das Industrias dos Laticínio do Estado do Piauí- AILEPI.  “Como fui uns dos convocadores para associação, me deram a presidência e tenho a honra de ter como vice o Merval, que é proprietário do laticínio Longá, o maior no estado de Parnaíba”, diz Delmar.

A associação é composta por:  dois produtores de Picos, em Teresina são o Laticínio Monte Santo, Laticínio Junco e Laticínio Friosina e no sul do estado são dois. “Hoje no Piauí somos o lanterna como produtor de leite, tendo o Ceará e o Pernambuco entre os 10 maiores do Brasil, principalmente o Ceará que tem 3 dos maiores produtores”.

A meta da associação é dar condições necessárias para um aumento significativo do laticínio na região. “A nossa grande luta é no sentido de conscientizar os produtores rurais a se dedicar um pouco mais a produção do leite, o laticínio não é o problema. Tem que ter leite. Hoje, a maioria do estado trabalha usando leite em pó, por falta de matéria prima, o leite bovino”.

Para que isso aconteça algumas medidas precisam ser tomadas, “Nós temos que reduzir o custo da produção de leite através de tecnologia, do pasto de excelente qualidade, o capim tem que ser adubado para reduzir o custo da ração industrializada, redução do custo de investimento em cerca, através da cerca elétrica e saber qual o melhor tipo de capim de se adapta para a nossa localidade”, descrever o presidente da AILEP.

A qualificação de profissionais também é um passo importante, desde as escolas agrícolas até profissionais de ensino superior. “A vinda do IFPI é um marco pra nós, pessoas dedicadas, com essa linha de tecnologias novas. Assim como os técnicos do Banco do Nordeste que é outro grande parceiro, e contribuem para que o produtor vença esses desafios”.

E continua, “o trabalho que o padre João de Deus faz através das Escolas Agrícolas é uma semente muito importante, nós temos que qualificar cada vez os instrutores, com treinamento e novas experiências fora do estado, para repassar aos alunos. Educação é a base”, comenta Delmar.

Essas iniciativas estão surtindo efeitos nos produtores, muitos estão dispostos a aprender e mudar, buscando profissionais quem os ensinem.

“Os agricultores já procuram Engenheiro Agrônomo, Zootecnistas e Veterinários para eles aprenderem, hoje estamos evoluindo. Dentro da minha experiência de vida eu acho a agronomia uma das ciências mais difíceis que existe no mundo. Eu já trabalhei com Geologia, Engenharia de Minas, programa espacial para colocar carga no espaço. Mas os agrônomos têm que fazer um planejamento, pois não tem um dia igual a outro. Então eles têm que lhe dar com todas as variáveis e passar uma tranquilidade ao produtor. Pois, os produtores querem o retorno do capital investido”.

Como empreendedor esses desafios só fortalece o vínculo de Delmar Siqueira com a Fazenda Frade, e o desenvolvimento da produção agrícola no Piauí. “A pessoa pode dizer que o meu elo é telúrico, uma ligação com a terra. Eu diria que é transcendental, transcende até o ambiente da própria terra. Que nem eu sei explicar, mas posso garantir que é uma ligação com muito amor”, relata emocionado.

 

 

 

 

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