Por cerca de vinte anos, PT e PSDB rivalizaram nas eleições nacionais nos moldes estabelecidos pelo sistema democrático, em que partidos um pouco mais à esquerda ou à direita batalham pelo centro.
Bem estabelecidas sob esses rótulos, as duas siglas foram ampliando seu atrito, sempre brigando pelos mesmos postos, até chegarem ao auge do desacordo em 2014, quando a petista Dilma Rousseff e o tucano Aécio Neves, candidatos à Presidência, bateram boca como nunca antes nas campanhas deste país.
Arrastar de asas mira alianças nos estados — algo que não acontece desde 1998 — e se expressa nas pragmáticas declarações de voto em Lula feitas por quadros históricos do partido, de onde um prócer, Geraldo Alckmin, saiu para se tornar vice na chapa petista.
Em seu livro Um Intelectual na Política, de 2021, Fernando Henrique Cardoso joga luz sobre o passado de convergências e divergências entre o partido criado no bojo da luta sindical e a sigla que nasceu dos quadros intelectualizados do velho MDB.
Ainda tateando na política no fim da década de 70, FHC conta que procurou aproximar o então líder sindical Lula de Ulysses Guimarães e levá-lo para as fileiras emedebistas, onde se fazia a resistência final à ditadura militar.
Em torno da eleição de 1989, já rivais, o livro descreve o mal-estar de FHC e do candidato do partido no primeiro turno, Mario Covas, ao subir no palanque entre vaias para apoiar o petista na disputa contra Fernando Collor.
“Nós contra eles” bradado pelo PT se tornou um traço seguidamente criticado pelo PSDB, mas o tom do discurso tucano também subiu, esquentou e até transbordou nas duas campanhas em que Dilma Rousseff foi candidata ao Planalto.
O petista Fernando Haddad credita ao candidato José Serra em 2010, com suas falas recheadas de apelos conservadores como a condenação do aborto, a posterior ascensão da extrema direita, até ali enrustida.
“É a eleição mais diferente da história do Brasil, na qual partidos diversos se alinham por causa da conjuntura brasileira e da divisão de forças em cada estado”, diz Wellington Dias, coordenador da campanha de Lula e petista de mais de três décadas.
Com informações Veja