Os resultados do teste clínico COLCORONA mostraram evidências de que o uso do anti-inflamatório colchicina — usado há décadas no tratamento da gota — poderia prevenir complicações da covid-19 mesmo antes da hospitalização.
Em um comunicado oficial, o The Montreal Heart Institute (MHI), que coordenou o estudo, afirmou que o uso do medicamento reduziu em 21% o risco de morte ou hospitalização em pacientes com covid-19 em comparação aos que tomaram placebo.
Ao todo, 4.488 pessoas participaram do estudo; destes, 4159 receberam o diagnóstico positivo para a doença. Entre eles, o uso da colchicina reduziu a necessidade de internação em 25%, a necessidade de ventilação mecânica em 50% e o risco de morte em 44%.
“A pesquisa mostrou a eficácia da colchicina em prevenir a ‘tempestade de citocinas’, reduzindo as complicações associadas à covid-19”, declarou o médico Jean-Claude Tardif, diretor do Centro de Pesquisa do MHI, professor de Medicina na Université de Montréal e um dos líderes do estudo.
Ele acrescentou ainda que o resultado tem um “impacto significativo” em “potencialmente prevenir complicações da covid-19 e milhões de pacientes.”
Em excesso, substância pode ser tóxica
A colchicina é um medicamento oral utilizado há décadas no tratamento da gota, “uma doença inflamatória que acomete sobretudo as articulações e ocorre quando a taxa de ácido úrico no sangue está em níveis acima do normal (hiperuricemia)”, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia.
No entanto, o uso indiscriminado e sem supervisão médica envolve sérios riscos e pode levar à morte, já que a medicação, em alta quantidade, é tóxica para o corpo.
Os sintomas podem levar horas para aparecer e envolvem diarreia, náuseas e vômitos, em um estágio inicial; até queda de pressão, dificuldade respiratória, insuficiência renal, lesão hepática e morte, em uma fase subsequente.
Por isso, o uso da colchicina no Brasil requer receita médica; além disso, ela costuma ser recomendada apenas a pacientes com gota que têm contraindicação para outros anti-inflamatórios.
Fonte: Meio Norte