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Artesanato: veja o trabalho de artistas pouco conhecidos em Oeiras

Que Oeiras é uma cidade repleta de artistas isso todo mundo já sabe, mas é no centro histórico da primeira capital que encontramos mais uma vertente cultural: o artesanato.

Situado na rua Cônego Acelino Portela, o Centro de Artesanato Salomé Tapety abriga vários artesãos oeirenses que trabalham com os mais diferentes tipos de materiais, um deles é Antônio Pereira da Silva de 60 anos.

artesao“Desde 98 eu comecei a desenvolver a atividade de artesanato, até então eu morava fora, num lugar chamado Embu das Artes em São Paulo e eu sempre gostava de ir lá aos domingos e daí comecei a apreciar a arte. Desde quando eu estudava eu já gostava de desenhar e pintar, quando eu cheguei em Oeiras comecei a desenvolver a atividade e estou até hoje”, conta Antônio.

No box de Antônio tem de tudo, artigos religiosos, como imagens de santos que ele mesmo pinta; lamparinas e copos personalizados por ele; cestos de palha; objetos de barro e argila e objetos feitos de revista.

O artesão nos conta que está no espaço Salomé Tapety desde 2002 e que sempre busca trazer em suas peças um pouco da identidade de Oeiras e do Nordeste em geral. “Trabalhar com coisas que lembrem Oeiras e o Nordeste é bom porque quando o pessoal vem de fora eles querem algo que retrata o Nordeste e o que nós temos de melhor na cidade”.

Exemplo disso são as lamparinas personalizadas que ele vende, além de fazer alusão à famosa procissão do fogaréu que acontece na semana santa de Oeiras, elas ainda retratam imagens e símbolos do sertão.

Apesar de falar com muito carinho sobre sua vivência com o artesanato, Antônio não esconde as dificuldades. Ele relata que não vive exclusivamente de suas vendas e que possui outro emprego para arcar com as despesas porque segundo ele, ainda não dá para viver de artesanato em Oeiras.

“Artesanato é uma terapia, uma ocupação da mente”

Em frente ao box do seu Antônio encontramos uma artesã muito concentrada pintando uma peça de barro com uma tinta verde bem chamativa. Régia Mary Soares Barbosa de Barros de 54 anos é artesã desde os 14. Em sua loja tem peças de cerâmica que ela pinta; peças em MDF; objetos de biscuit; bordados variados; quadros pintados por ela; pesos de porta; bonecas e até enxovais de bebês.

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Foto: Romário Britto

Ela se encontra no centro há apenas dois anos e diferentemente de seu colega de frente, sua renda vem exclusivamente do artesanato. Com muito orgulho ela diz que tem até a carteirinha do artesão que foi emitida pela Secretaria Municipal de Industria e Comércio (SEMIC).

“O artesanato é uma coisa diferente, você vai adquirir uma peça única, valorizar o nosso trabalho é também incentivar outras pessoas que querem começar a produzir, é difícil sobreviver só do artesanato, mas ele quebra um galho”. Ela ainda faz a ressalva para que as pessoas aprendam a produzir: “artesanato é mais que uma arte, artesanato é uma terapia, uma ocupação da mente”.

Ela acredita no potencial de sua profissão e que para obter sucesso os artesões precisam explorar mais as redes sociais, estar antenado nas novidades e tendências e ter sempre algum diferencial.

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Um lado muito bonito apontado por ela na sua profissão é arte de dar vida ao que seria lixo. “Aqui tem artesanato feito com lata, garrafas, tudo que eu acho por aí eu utilizo, então o artesanato é reciclagem”.

A juventude está on

Andando poucos metros à frente e do mesmo lado do box de seu Antônio, encontrei uma jovem completamente compenetrada com sua agulha bordando um pano branco. Jordânia Pereira de Sousa é uma mulher preta de cabelos cacheados e com apenas 21 anos já empreende.

artesanato mulher 2“Provavelmente eu sou uma das bordadeiras mais jovens da cidade e a mais nova daqui. Trabalho com artesanato desde os 14 anos, meu ponto forte é o bordado, sou profissional em bordado”, afirma Jordânia.

Ela ainda nos conta que seu destaque é na feitura de enxovais de bebê sob encomenda, o cliente faz a encomenda de como deseja as peças e ela faz.

Uma coisa muito interessante na loja da jovem é que todas as peças são de cunho religioso, agendas; cadernos e camisas personalizados com imagens de santos; imagens religiosas e quadros.

Segundo ela, Oeiras é uma cidade muito religiosa e que ao investir nesse tipo de peças está ajudando a contar um pouco da história da cidade e ao mesmo tempo chama a atenção dos clientes, principalmente os turistas.

Um espaço desconhecido

Todos os artesãos foram unânimes em dizer que os próprios oeirenses não conhecem o centro de artesanato e que muitos se surpreendem quando chegam pela primeira vez e veem a qualidade das peças.

De acordo com eles, o movimento é maior em época de férias e em datas festivas como a Semana Santa porque têm muitos turistas na cidade. Eles também relataram que as vendas caíram muito durante a pandemia.

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Seu Antônio acha que uma estratégia boa para as pessoas conhecerem o trabalho dos artesãos é que eles façam exposições nos bairros porque assim o artesanato chega até a porta dos oeirenses.

No dia 09 e 10 de março haverá uma exposição das peças dos artistas em frente ao espaço Salomé Tapety.

Por Sheron Weide

 

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