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Artigo do Promotor Carlos Rubem sobre a UFPI em Oeiras: “O fogo amigo também queima…”

Aloízio MercadanteHá quem goste de dizer que Oeiras jamais absorverá o trauma coletivo decorrente da mudança da capital do Piauí para Teresina, fato ocorrido em 1852. Nascido à beira do riacho da Mocha, sempre respondo a tais instigadores que o maior prejuízo ainda hoje ressentido pelos nativos foi no campo educacional, consubstanciado na transferência pura e simples do “Liceu Piauiense” para a nova sede de governo.

Não obstante a decadência econômica que a cidade sofreu, e outros efeitos que tais, Oeiras sempre procurou manter-se em destaque no cenário estadual. Quantos filhos proeminentes esta velha cidadela não já ofereceu ao Piauí e ao Brasil visando o seu engrandecimento?

 

De há muito ansiamos a implantação de um Campus da Universidade Federal do Piauí em nosso meio. O certo é que, em agosto do ano passado, o Magnífico Reitor da UFPI, Prof. Dr. Arimatéia Dantas Lopes, promoveu uma concorrida audiência pública em que anunciou que estava ultimando os preparativos visando a criação dos Campus de Oeiras e Esperantina. Fez, inclusive, consulta acerca dos cursos que deveriam ser oferecidos.

 

Naquela oportunidade, sendo-me franqueada a palavra, disse do meu receio de que não fosse efetivado este empreendimento, em Oeiras, diante das frustrações anteriormente vivenciadas –“gato escaldado tem medo de água fria!”. Sem insurgir-me abertamente, questionei a viabilidade da criação, numa só penada, de dois novos Campus em nosso Estado.

 

Em novembro passado, expressivas lideranças políticas do Piauí estiveram reunidas com o Ministro da Educação Aloizio Mercadante a respeito deste tema, oportunidade em que o mesmo, depois de tecer comentários sobre a criação de novos Campus no Brasil, solicitou aos senhores parlamentares que lhe apontasse a prioridade no atendimento dos seus pleitos, isto é, a implantação do Campus de Oeiras ou de Esperantina. Enfim, todos os que participaram daquela reunião são unânimes em afirmar a disposição do Ministro em discutir o assunto.

 

A partir daí, no entanto, não houve assentimento quanto a esta importante decisão. Mesmo sem dizerem isto claramente, nem Oeiras nem Esperantina consideraram a possibilidade de abrir mão de seus propósitos. E isso era necessário, crucial, mesmo, eu diria. Na pequena fresta aberta só cabia um, certamente… Nada tenho contra Esperantina, mas muito tenho a favor de Oeiras.

 

Mais que a paixão, que não nego, argumentos! O fato, por exemplo, da antiguidade de suas pretensões. Já em 2006, tinha havido um movimento neste sentido. Em 2009, igual movimento se verificou. Nessas duas ocasiões, como agora, houve, inclusive, doação de um terreno para a Universidade, bem como a massiva adesão à Campanha “UFPI: Chegou a vez de OEIRAS”. E era e é, mesmo, a vez de Oeiras… Esperantina, é inegável, tentou entrar no nosso vácuo.

 

O resultado foi, como se viu, o “Aviso 478”, datado do dia 18 de dezembro de 2013 e assinado pelo Ministro da Educação Aloízio Marcadante dando conhecimento ao governador Wilson Martins de sua deliberação de vetar ambos objetivos.

Tive acesso ao inteiro teor daquele árido Aviso e posso afirmar que o mesmo é baseado em argumentos inconsistentes pois não passam de meros relatos que nada acrescentam; apenas historia o “status quo” do ensino superior no Piauí como se isto bastasse para fulminar as nossas tão justas pretensões.

 

Embarcando em duas canoas, a já débil representação política do Piauí tornou-se totalmente insignificante dentro deste contexto, o que permitiu ao Governo Federal, comodamente, dar de ombros, como tradicionalmente tem ocorrido, ao tempo em que o nosso Estado não se faz respeitar, lamentavelmente.

 

Claro que a sociedade piauiense não pode sujeitar-se ao conformismo. No entanto, faz-se necessário aprender a lição que este triste episódio nos demonstra.

 

Por Carlos Rubem Campos Reis

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