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Café Taity

Não faz muito tempo quando, estando no meu escritório absorto na redação de um arrazoado jurídico, ouvi alguém bater à porta. Fui receber o visitante. Tratava-se de um garoto desconhecido trazendo consigo uma sacola de plástico. Pedi que sentasse. Perguntei-lhe qual seria o motivo de sua honrosa presença. Explicou-me que determinada pessoa lhe havia me indicado a comprar dois antigos ferros de engomar encontrados num monturo:

— Como assim?, o interpelei.
— Me disseram que o senhor gosta de cacarecos!

Fechamos o negócio pelo preço cobrado, cujo valor não me lembro mais. Um dia me vão ser úteis.

O Rotman trabalha na Direção do Hospital Regional Deolindo Couto. Muito eficiente, lhano. Dia desses me telefonou dizendo que um servidor daquele nosocômio havia encontrado dentro de uma ambulância inservível um canudo contendo um certificado, o qual queria me repassar. Como demonstrei interesse, me fez chegar aludido achado, por lá deixado não se sabe por quem.

Cuida-se de um certificado expedido pelo Instituto Brasileiro do Café – IBC, datado do dia 23.06.1986, conferindo à empresa Barbosa & Cia a sua habilitação a funcionar como indústria de torrefação e moagem de café.

De fato, reportada firma, já extinta, negociava o Café Taity, famoso em nossa região, desde o início dos anos sessenta, certamente. Antes de ser embalado à vácuo, era empacotado num saco de papel envolto num material impermeável. A sua logomarca sempre foi a mesma como conhecida.

Vicentão, simpático sarará, num triciclo disposto de um depósito de carga na frente, perambulava de um lugar para outro vendendo o citado produto. Moleque traquino, o acompanha. Vez outra, pedalava aquele veículo.

 

Curioso, quis saber o significado de Taity. Ninguém sabia. Fui tirar a minha dúvida com o amigo Possidônio Queiroz. Na sua livraria encravada no Mercado Público, o velho professor me cedeu uma enciclopédia para pesquisa. Quando me inteirei se tratar de uma ilha da Polinésia Francesa, Possi, muito prolixo, passou a discorrer sobre este acidente geográfico, suas praias paradisíacas, etc.

Os proprietários de Barbosa & Cia., estabelecida, inicialmente, no bairro Bomba, eram os irmãos Mundiquinho, Adalberto e Benedito Barbosa de Deus.

No início de 1966, estive naquela empresa na companhia do mano Paulo Jorge. Este foi tirar uma fotografia 3 X 4, com Adalberto, visando sua matrícula no Ginásio Municipal Oeirense.

Barbosa & Cia se expandiu muito. Construiu uma nova sede, bastante ampla, no início do Condado (Avenida Duque de Caxias), onde havia um frondoso tamarindeiro.

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Tornou-se distribuidora exclusiva da Cervejaria Brahma em todo centro-sul do Piauí. Intenso fluxo de caminhões nas diversas cidades desta região.

Diversificando os seus empreendimentos, em 1969, arrendou do município o Cine Teatro Oeiras. Fez-lhe uma reforma moderna, inclusive, instalou uma tela CinenaScop para a projeção de filmes. Grande cometimento para a época.

Foi lá onde, no escurinho, beijei a boca da minha primeira namoradinha. “The end!”

 

 

 

 

 

Por Carlos Rubem

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