Pular para o conteúdo

Conselheiros tutelares do Piauí são ameaçados de morte por traficantes do PCC

Os conselheiros tutelares do Piauí estão sendo ameaçados de morte tanto por traficantes do PCC como pelos próprios usuários e por pistoleiros que disparam tiros contra as sedes do conselho tutelar, como aconteceu no município de Demerval Lobão na região metropolitana de Teresina.

Os conselheiros fizeram manifestação nesta quinta-feira (12/02) em Teresina, em luto contra a morte de três profissionais no município de Poção em Pernambuco, e solicitando aos órgãos com o o Ministério Público Estadual, Tribunal de Justiça, Prefeitura de Teresina para que os conselheiros tutelares não sejam obrigados a fazer atividades fora de suas atribuições legais. Eles anunciaram que hoje juízes e órgãos públicos determinam que eles façam resgate de adolescentes, e crianças em situação de risco o que seria uma atividade do oficial de justiça, participem de blitz com as policias e até recebam pensão alimentícia dos pais para os filhos o que torna mais difícil e arriscada a atividade no Piauí.

Itapuã Cavalcante, há seis anos é integrante do primeiro conselho tutelar de Teresina afirma que os conselheiros chegaram a ser ameaçados inclusive ele, de morte, por traficantes do PCC quando acompanharam o caso de um jovem de 16 anos que tinha fugido do Rio de Janeiro com dinheiro do pai que é traficante.

Nesse período, no final de 2013, Itapuã disse que ele e os conselheiros recebiam telefonemas de traficantes do PCC com ameaça de que iriam atirar contra a sede do conselho e matar os profissionais.

“As ameaças aconteceram quando nós do primeiro conselho tutelar de Teresina fomos acompanhar o caso, de um menino que estava em uma casa de acolhimento em Teresina. Nós recebemos várias ameaças inclusive de supostos conselheiros do Rio de Janeiro querendo saber informações sobre o garoto. Nós achamos estranho porque o pedido de informações era recorrente, como não demos as informações eles começaram a ameaçar, diziam que sabiam todos os trajetos dos conselheiros, sabiam a hora que uma conselheira saía, qual era o carro dela, quando ia pegar o filho no colégio. Por conta disso, nos constatamos tudo. Entramos em contato com a polícia, falamos com o delegado geral de Polícia Civil do Piauí, e ele nos deu suporte. O menino estava perambulando nas ruas de Teresina, a gente procurou o juiz da infância e da adolescência, Antônio Lopes, e foi acolhido como medida de proteção, o PCC soube que ele estava aqui em Teresina, porque esse menino tinha trazido um dinheiro, de venda de drogas, para poder distribuir para pessoas que faz o tráfico de drogas na cidade. O menino não tinha documento nenhum e precisamos fazer exame no pulso, para ver a estrutura óssea, e foi constatado que ele tinha 16 anos, ele vinha de Pernambuco fugindo do PCC, na verdade ele nasceu na Guiana Francesa, e o pai dele era do PCC do Rio de Janeiro, e o escolheu para ser o gerente do tráfico, em seguida ele roubou o dinheiro do pai. O menino falava para gente que se voltasse pro Rio de Janeiro o pai ia cortar suas pernas, as ameaças eram feitas para todos os conselheiros porque eles queriam que a gente entregasse o menino no aeroporto de Teresina na hora tal e no dia tal e que teria uma pessoa esperando o menino, se a gente não fizesse assim, eles iam atirar no conselho e matar os conselheiros. Uma mulher que chegou a ser conselheira no Rio de Janeiro, telefonava para a gente para saber informações sobre o menino, nós telefonamos para o conselho tutelar de Campus, foi confirmado que ela já tinha sido conselheira no passado, e poderia ter sido uma pessoa que foi incorporada pelo tráfico para fazer esse trabalho de contato e levantamento para onde estava indo o menino, para que ele fosse capturado pelos traficantes, ela sabia como o conselho funcionava e queria mais informação”, declarou Itapuã Cavalcante.

As ameaças que os conselheiros do Piauí recebem, não são apenas dos agressores, são também das vítimas. A conselheira Socorro Arraes, do 4º conselho tutelar da zona Leste de Teresina, foi ameaçada por um adolescente de 15 anos, durante a noite da semana passada, quando queria levá-lo para o abrigo masculino, e o adolescente estava muito drogado. O adolescente disse que se ela fosse pegá-lo novamente na rua onde estava consumindo drogas, iria matá-la.

“Eu ja fui ameaçada por um usuário de entorpecentes, nós fomos buscá-lo quando estava consumindo drogas, e eles acham que a gente está agindo contra eles, mas nós estamos tentando protegê-los. Neste caso, o jovem me ameaçou, o que mostrou que nós trabalhamos na proteção da criança e do adolescente, mas somos vulneráveis. A proteção que nos temos é de Deus, a delegacia diz que não tem efetivo suficiente para mandar um policial acompanhar a gente. A ameaça que eu recebi foi a um mês, nós conseguimos levá-lo para uma casa de acolhimento, era durante a noite, por volta das 20h no bairro Satélite, na zona Leste de Teresina. Nós estamos a mercê das ameaças, ele disse que da próxima vez que formos buscá-lo ele ia me matar, como eu sei que ele estava sob efeito de drogas, a gente considerou o nosso trabalho, mas a gente sabe que também é um risco que temos que correr porque sob efeito de drogas o adolescente pode cometer um crime. Nós não temos nenhuma estrutura e estamos fazendo o trabalho de busca e apreensão que não é atribuição nossa”, declarou Socorro Arraes que trabalha há 2 anos e 9 meses como conselheira tutelar.

Fonte: Meio Norte

Comentários
Publicidade

Deixe um comentário

Aviso: os comentários são de responsabilidade dos seus autores e não refletem a opinião do Portal Integração. É proibida a inclusão de comentários que violem a lei, a moral e os princípios éticos, ou que violem os direitos de terceiros. O Portal Integração reserva-se o direito de remover, sem aviso prévio, comentários que não estejam em conformidade com os critérios estabelecidos neste aviso.

Veja também...

Portal Integração