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‘Histórias do semiárido’: Milho, leite e melancia de pequeno produtor abastecem comércio em Oeiras

Foto: Edna Bezerra

Semiarido“E a terra é de tal maneira tão maravilhosa que em se plantando dar-se-á nela tudo”. Quando Pero Vaz de Caminha escreveu ao rei Dom Manuel de Portugal falando sobre as riquezas naturais e fertilidade das terras brasileiras ele não conhecia o semiárido nordestino, castigado por permanentes secas, tampouco o sítio do agricultor Francimário da Costa Vieira, 40 anos, na localidade Barateiro, zona rural de Oeiras.

No sítio, onde Francimário vive com a esposa, Maria das Dores, e dois filhos, são produzidos, por semana, cerca de 2 mil espigas de milho e até 300 melancias, em cinco hectares de terra. “Tudo que a gente produz, a gente vende”, comenta o agricultor, que fornece os alimentos a três grandes supermercados da cidade.

Foto: Edna Bezerra

Francimário produz melancia e milho em 5 hectares de terra; Foto: Edna Bezerra

Há dois anos, a Francimário participou de uma capacitação feita pela secretaria municipal de Agricultura e Meio Ambiente, mostrando técnicas de como fazer a correção e adubação do solo. “Nós vivíamos sofrendo com esse capinzão”, desabafa Maria das Dores, entregando que, antes, a família cultivava apenas capim, que servia de pasto para os animais.

Foto: Edna Bezerra.

Foto: Edna Bezerra.

Além da expressiva produção de milho e melancia, a propriedade da família Vieira também produz mais de 90 litros de leite por dia. “50 litros de leite eu tiro só em duas vacas”, ostenta Fracimário, lembrando que todo leite produzido é vendido para uma fábrica de laticínios da cidade.

A família de Francimário é uma das 22 que participam do Agroleite, programa de geração de renda através da produção e comercialização do leite. “Nossa metodologia é inserir o agricultor em parcerias com a iniciativa privada”, pontua Jonas Alves, secretário municipal de Agricultura.

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Agricultores receberam capacitação da secretaria de Agricultura; Foto: Edna Bezerra

Ele explica que o bom rendimento apresentado no sítio é resultado da transmissão de conhecimentos técnicos que estimulam o uso racional dos recursos naturais. “É tudo interligado. Eles usam o máximo possível do que tem na propriedade para alimentar os animais. O sistema de irrigação foi melhorado. Hoje, tem menor custo e menor gasto de energia”, ressalta Jonas Alves.

Colhendo frutos

No pomar, coco, siriguela, laranja e mangas dão aos montes. No solo fértil do sítio de Francimário, mesmo debaixo de um sol abrasador, até árvores nativas de regiões frias como a amoreira, dão frutos.

Todo o pasto do sítio é divido em piquetes, separados por cercas elétricas para que o gado não avance o limite de cada um. “O capim utilizado aqui possui um alto valor nutricional. É constantemente adubado”, explica o secretário de Agricultura, para justificar a alta produção das vacas.

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Vista da plantação no sítio de Francimário; Foto: Edna Bezerra.

Toda semana, Francimário planta novas tarefas de milho e melancia. Jonas Alves diz que todo o plantio é feito no regime de rotação de culturas, sem o uso de agrotóxicos. “Esse milho é específico para vender na espiga. É de uma variedade desenvolvida pela Embrapa. O adubo é colocado direto na água, num processo chamado fertirrigação”, explana Jonas Alves.

Além de abastecer supermercados, todas as quartas, quintas e sextas-feiras, Francimário sai para vender parte do que produz no centro de Oeiras. “A melancia sai a R$ 10 ou R$ 12, já a espiga de milho, eu vendo a R$ 0,50. Não pode botar muito caro senão não vende”, avalia o agricultor.

Na plantação não é usada nenhum tipo de queimada. “A matéria orgânica é incorporada para que segure a umidade”, diz Jonas.

Foto: Edna Bezerra

Foto: Edna Bezerra

A propriedade é cortada pelo riacho Mocha, marco geográfico da colonização do Piauí, mas segundo Maria das Dores, a cor escura e mau cheiro denunciam o alto nível de contaminação na água, que não é usada na irrigação das terras. “Temos um poço. Não usamos essa água. Não dá”, relata.

Os prodígios conseguidos no sítio de Francimário fizeram com que ele ganhasse destaque até mesmo no programa Globo Rural, que noticia exemplos positivos do campo. O uso inteligente do solo e os bons rendimentos na produção agrícola fez com que o sítio virasse referência da convivência exitosa do homem sertanejo com o semiárido. “Mesmo nesse ‘verãozão’ a gente não tá mais aperreado”, vibra Maria das Dores.

 

Por Jadson Osório

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