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Mesmo com primeiro capítulo raso, ‘Gabriela’ explode em audiência e mostra bela fotografia

ga“Gabriela” não estreou somente com a responsabilidade de fazer jus ao original de Jorge Amado, mas também com o desafio de fugir às constantes comparações com suas versões anteriores na TV e no cinema. A imagem de Sonia Braga encarnando a personagem é tão icônica que, como era de se imaginar, torna-se difícil fazer uma releitura deixando-a de lado. Para tanto, a Globo resolveu investir pesado. Fez a nova trama das 23h começar em clima de faroeste para prender o espectador de cara e ancorou-se em belas imagens. Apesar de esmerada, a fotografia mostrou-se excessiva, especialmente pelo uso de filtros. Começou em tom sépia, migrou para laranja, amarelho e azul em colorações fortes e apelou para recursos como a “noite americana”, quando se filma durante o dia e digitalmente se altera a imagem para que ela pareça noite.

 

Com clara inspiração em quadros como “Os Retirantes”, de Cândido Portinari, a peregrinação de Gabriela (Juliana Paes) pelo sertão nordestino pecou exatamente por privilegiar a estética em detrimento da emoção. No esforço de mostrar o quanto a personagem-título é sensual e brejeira, deixou-se de lado um mergulho mais profundo nas emoções provocadas pela seca e pela morte do tio. O mesmo pode se dizer do momento em que, jogada nas ruas da cidade, espera, sorridente e insinuante, um novo rumo para sua vida. Este parece ser o principal porém da novela. Num esforço para tornar sua história leve e irreverente, dilui-se sua complexidade. O primeiro capítulo, que tinha tudo para ser grandioso, apresentou-sem rasteiro, com soluções fáceis – ou por acaso Nacib (Humberto Martins) tem um amigo imaginário para falar sozinho a cada cinco minutos entregando mastigadinho tudo o que pensa? – e viciadas.

 

Há que se dizer, no entanto, que a novela aponta para bons momentos. O cabaré Bataclã, uma espécie de Moulin Rouge do Agreste, deve funcionar como o grande chamariz da novela. Na pele de Maria Machadão, Ivete Sangalo já mostrou que dividirá os espectadores. O que falta em tônus e vigor à sua interpretação sobra em carisma. Uma equação que só será definida a partir do momento em que ela ganhar mais experiência de cena. Uma pena, no entanto, que a prosódia equivocada comprometa sua atuação. Como a própria cantora pode atestar, na Bahia não se fala de maneira tão forçada. Aliás, o sotaque, assim como a cidade cenográfica, lembram as tramas das 21h escritas por Aguinaldo Silva nos anos 90. Ilhéus pode ser considerada a nova Tubiacanga – ou Greenville. Comparada a antecessora “O Astro” e a “Avenida Brasil”, “Gabriela” parece novela das sete.

 

O público, no entanto, não mostrou incômodo nenhum com o folhetim. Pelo contrário, sobrou entusiasmo. De acordo com dados prévios do Ibope, a história escrita por Walcyr Carrasco marcou 30 pontos de média com 35 de pico. O índice é maior do que registrou a estreia de “O Astro”, que teve 28 pontos de média com 30 de pico. No mesmo horário, a Record marcou 12 pontos, seguida pelo SBT, com 7. Band e Rede TV tiveram 3 e 1 pontos, respectivamente.

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