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Nova série brasileira da Netflix discute machismo estrutural, opressão feminina e abuso

A espera acabou! “Pedaço de Mim’, melodrama brasileiro, que conta com Juliana Paes e Vladimir Brichta como protagonistas, já está disponível no catálogo da Netflix. A série, lançada nesta sexta-feira (5), discute e promete levantar debates de temas relevantes da sociedade, como o machismo estrutural, a opressão feminina e até o abuso em suas variadas formas.

Escrita por Angela Chaves, a série com 17 capítulos narra todo drama e angústia da terapeuta ocupacional Liana, personagem de Juliana Paes, que sonhava em ser mãe e, quando finalmente consegue realizar esse desejo, descobre que espera gêmeos de pais diferentes, um do seu marido, Tomás (Vladimir Brichta) e outro de um estupro que sofreu dentro da sua casa com um conhecido amigo da família, Oscar (Felipe Abib).

Apesar de rara, a superfecundação heteroparental, nome dado a esse tipo de gravidez da personagem, pode acontecer na vida real. “Foi tudo muito trabalhoso e delicado ao montar essa personagem. Eu não tinha muito com quem comparar. Como é estar grávida de gêmeos de pais diferentes? Que emoção é essa? Não tinha muito material de pesquisa, é tudo muito novo. Se a gente for parar para pensar, o DNA é uma coisa nova, você saber de antemão que está grávida de filhos de pais diferentes também”, conta Juliana.

“Ainda tem esse componente (da violência sexual), todas as pitadas de dor, que uma mulher pode viver, a Liana experimentou. É o desejo frustrado de ser mãe do jeito que ela imaginou, teve uma traição ali também, depois o abuso, que é a parte mais complicada na vida dela”, complementa.

A autora conheceu o tema ao ler uma reportagem há 15 anos sobre o caso de uma americana que engravidou dessa forma. Ela diz que decidiu falar sobre a história sem julgamentos e acredita que muitas mulheres vão se identificar com o que a Liana (Juliana Paes) passa a viver dentro de casa.
“O que interessa, o cerne da história, é a transformação na vida dela depois da violência que sofre. A superfecundação heteroparental, na verdade, é apenas o catalisador de um grande drama familiar, como um acontecimento inusitado pode transformar a vida de uma família. A história tem várias reviravoltas. Vamos falar de temas contemporâneos, da opressão feminina que muitas vezes está dentro de nós, que é uma forma terrível de opressão, diversas formas de abuso que a Liana sofre”, confirma a autora.
Trama com olhar feminino

A trama se passa em 2006, uma época em que não se falava diretamente sobre a importância de denunciar um abusador, da mulher reconhecer se uma relação é ou não consensual, e a personagem demora a entender que foi abusada.

“O que, para mim, é mais sensível era deixar claro como o processo, o abuso demora a se concretizar na cabeça da mulher. Deixar esse caminho da dúvida, da culpa e da dor, é um processo que demora, não é simples, e quando a gente vê os casos de fora, a gente julga, as pessoas demoram a entender. Isso foi delicado na hora de contar e na hora de editar. Foi muito importante ter contado a história com essa sensibilidade”, explica a atriz.
A direção é de Maurício Farias, que já fez muitos trabalhos na Globo e, pela primeira vez, trabalhou com Juliana Paes.

“Foi muito importante ter um diretor tão sensível para questões femininas. A série tem um olhar que se preocupa com esse lugar feminista, que fala sobre maternidade, sobre toda a cobrança e dificuldade que a gente tem de falar e de sentir. A gente debateu muito sobre como o machismo se coloca nas situações do dia a dia. Às vezes, vem da sua melhor amiga, vem da sua própria mãe que não tem um olhar feminino para você”, destaca.
Vladimir Brichta acredita que a diferença maior de hoje para 2006 é que, atualmente, as coisas têm nomes, e cita a relação do seu personagem com a mulher. “As pessoas diriam que aquele pai era um homem de muita personalidade, um cara nervoso. Hoje, você sabe que ele é um cara violento, abusivo. A gente hoje consegue dar nome, isso é um primeiro passo para uma correção, mas ainda é uma coisa lenta”.

Com o passar do tempo, o personagem vai se mostrando um homem tóxico. “Costumo dizer que o Tomás cresceu cercado de muitos privilégios, um homem rico, branco, hétero… Ele tem tudo a seu favor para ser um babaca e não enxergar o próximo, tipo de pessoa egoísta”, diz.
Apesar disso, ele também deseja construir a família com Liana e tem um filho, o que faz com que muita gente se reconheça em alguns momentos no comportamento dele. “Mas ele vai fazer escolhas bem difíceis de entender”, entrega Vladimir.

“Os personagens são muito interessantes porque não tem ninguém muito bonzinho. A Liana faz escolhas erradas, o próprio Tomás, num primeiro momento, é fofo, é um cara legal, ele gosta dela. É como se as grandes provações da vida que acabam denunciando o caráter”, completa Juliana Paes. No elenco da série produzida pela Netflix estão ainda os atores Palomma Duarte, João Vitti, Antonio Grassi e mais.

 

 

Fonte: O Dia

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