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Professores e alunos da UESPI falam sobre o possível fechamento do campus de Oeiras

Na última segunda-feira, 23, a Universidade Estadual do Piauí – UESPI, Campus Professor Possidônio Queiroz, suspendeu suas atividades em protesto contra o descaso do governo do Estado e da Administração Superior da UESPI.

Em entrevista ao Portal Integração, alguns professores e alunos relataram os problemas que o campus de Oeiras vem enfrentando há muito tempo e vem piorando a cada dia que passa no ano de 2019. Diante mão, a sociedade precisa saber e entender que o descaso com a UESPI é pior do que imaginamos.

Um dos primeiros fatores citados pelo professor Harlon Lacerda é o fechamento do curso de Licenciatura em Matemática, sendo que esse é o único curso de matemática ofertado no interior do Piauí.

“O fechamento do curso de Matemática acarreta o prejuízo não só pra gente, mais para todo o interior do Piauí, para toda a rede básica de ensino, é um prejuízo real, porque a reitora e o governo do estado não mostra nenhum empenho de forma satisfatória”, disse Harlon Lacerda.

Para mostrar que o fechamento do curso de Matemática é real, o professor mostrou como exemplo o curso de Ciências da Computação que já fora ofertado pelo Campus de Oeiras e hoje já não existe mais.

“Temos um exemplo concreto do curso de Ciências da Computação que tinha aqui e foi fechado, então isso não é terrorismo, não é exagero, não, isso aqui é o perigo real de fechar”, afirmou o professor.

De acordo com Harlon Lacerda os cursos de Letras e Pedagogia também correm o risco de fechamento no ano de 2020, caso não saia o reconhecimento dos mesmos. Se o campus não puder ofertar vagas para o próximo ano, o curso de Letras fecha em julho e o de Pedagogia em dezembro de 2020, ficando apenas o curso de História, o que inviabiliza a permanência do campus universitário em Oeiras.

“Não é exagero, é uma situação real de imediato, e eu quero salientar que esse tipo de situação que a gente se encontra provoca até o adoecimento do corpo docente, dos estudantes e dos funcionários porque a gente vive sempre a mercê dessas notícias, sendo que não podemos planejar nada, a gente fica sem dormir, sem se alimentar direito, sendo que o governo do Estado está sendo responsável também pelo adoecimento dos seus funcionários”, disse o professor.

O professor Fúlvio Saraiva ressalta que, “é preciso frisar a questão da essencialidade da UESPI para a região por conta de diversos fatores. Existe um levantamento sobre a proporção de egressos dos cursos que tem na sua formação, no diploma conseguido pela UESPI, complementar sua renda ou ter como essa atuação profissional como sua principal fonte de renda, porque é preciso que a região saiba que a UESPI é essencial”.

Professores que chegaram do último concurso, como o caso do Professor Fúlvio Saraiva, tem o futuro incerto enquanto a permanência dos mesmos na região, pois o procedimento que provavelmente será feito é de remanejá-los.

“Nós como cidadãos estamos aqui, viemos com a família, esposa e filhos pra residir aqui na cidade, vamos ter que nos deslocar pra cidades mais próximas como Picos ou Floriano, pra poder ministrar aulas, complementar os encargos, porque nós não teremos aqui alunos suficientes pra completar a carga horária, então isso é um problema que a administração superior tem que negligenciar e é gritante, espero que isso se resolva e é justificável que o campus da UESPI, os alunos e corpo docente tomem essa iniciativa porque aqui é uma luta pra sobreviver”, disse o professor Fúlvio Saraiva.

Além do fechamento do curso de Matemática, o Campus Professor Possidônio Queiroz enfrenta outros problemas graves e que prejudicam todos os alunos e professores do campus.

O aluno Vandeilton Nunes, da cidade de Barra D’Alcântara e cursa História no Campus de Oeiras falou da sua indignação para com o descaso do governador com o campus de Oeiras. O aluno que também recebe auxílio alimentação e trabalha na sala de multimídia da UESPI relatou que desde o início das aulas que não recebem auxílio alimentação e há três meses não recebe o pagamento.

“Como os professores aqui já elencaram a gente tem uma série de questões pertinentes em relação ao nosso campus. Eu como aluno do curso de História, vejo que a UESPI vive uma situação bastante delicada porque os professores recorrem à reitoria, a administração superior e a gente não tem uma resposta precisa, uma resposta concreta em relação a soluções para resolver esses problemas que estão acontecendo aqui, então assim eu que sou do curso de História, particularmente, me sensibilizo pela situação em que se encontra o curso de matemática e que pode acontecer o fechamento do curso. Nós do curso de História não estamos numa situação idêntica ao curso de Matemática, a gente não tem muita preocupação em relação a isso, mais de certa forma a gente se preocupa, porque como aconteceu isso com o curso de matemática pode acontecer com os demais cursos. Eu trabalho na sala de multimídia e os materiais didáticos estão com problemas, data show, microfone, computadores, alguns não estão funcionando, então a gente precisa também de recursos didáticos para que a gente possa melhorar o ensino, os professores precisam desses recursos para lecionar suas aulas. Além disso, existe outro fator que são os auxílios, o auxílio alimentação, que desde que começou as aulas a gente não recebe e não tem uma previsão de quando esse auxílio vai aparecer, e tem também as bolsas que está há três meses atrasadas, uma situação bem difícil que estamos enfrentando”, disse Vandeilton Nunes acadêmico do curdo de História do Campus de Oeiras.

Oeiras começou com uma mobilização por conta dos problemas específicos que o Campus enfrenta. A partir daí Campus de outras cidades como Picos, Floriano, Teresina e Piripiri começaram a eclodir movimentos de mobilização, por que o problema não é só com o campus de Oeiras, mais sim com toda a UESPI.

“O estado diz passar por uma crise econômica e a primeira instituição que paga por essa crise é a UESPI, ou seja, o estado não tem nenhum compromisso com essa universidade e a reitoria acaba baixando a cabeça diante desse comportamento do governador Wellington Dias. Então, quer dizer que ele vai continuar resistindo até que se tenha uma resposta efetiva e concreta da resolução desses problemas”, concluiu Harlon Lacerda.

 

Segundo informações dos professores o acordo de greve feito há tempos atrás não foi cumprido. A UESPI enfrentou uma greve de domínio popular, o que leva a entender que as reivindicações que estão sendo feitas agora não são novas, já foram discutidas. Até porque o acordo de greve também não foi cumprido.

“As monitorias, por exemplo, estão atrasadas, foram incrementadas mais não foram pagas e outros pontos mais também que não foram cumpridos, agora estão ameaçando a mudar o nosso plano de cargo e carreira, aumentando a carga horária do professor para que fiquemos mais tempo em sala de aula, sendo que o tempo que a gente já tem disponível na sala de aula não tem turma, então é pra esquecer a pesquisa, pra esquecer a extensão, está nos alimentando a conta gotas pra asfixiar os campi do interior, a realidade é essa porque não tem coragem de arcar com a ônus de fechar um campus, isso por interesse político, então o nosso grito aqui é de revolta, de resistência e de raiva com o descaso dos gestores diante da nossa situação”, finalizou o professor Fúlvio Saraiva.

 

 

 

 

 

 

 

Por Romário Britto

 

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