A quinta e última competência avaliada na redação do Enem diz respeito à capacidade dos estudantes de apresentar uma solução (ou ao menos intervenção) para o problema apresentado pelos examinadores. É o momento do aluno deixar claro que não está alheio às questões apresentadas. “É importante o jovem demonstrar que, ao mesmo tempo em que vive no mundo, também o constrói”, afirma a professora Eclícia Pereira, coordenadora de redação do Cursinho da Poli.
Os capítulos do Microcurso de redação do Enem:
– segunda-feira: domínio do idioma
– terça-feira: adequação ao tema proposto
– quarta-feira: como argumentar
– sexta-feira: redações nota 10 comentadas
A competência vale o mesmo número de pontos (200) das demais, mas tem um papel fundamental. “É a última chance de convencer o examinador de que o texto merece uma boa nota”, diz Tiago Fernandes, professor de redação do CPV Vestibulares. O ideal é que a proposta de intervenção contemple cada um dos pontos abordados na argumentação.
Portanto, concluir a dissertação mostrando indiferença é pedir para receber nota baixa. Expressões como “não há nada o que ser feito diante disso”, “não adianta querermos mudar a situação”, “o mundo é assim desde que é mundo” ou “não há solução” são improdutivas e, por isso, devem ser banidas do texto. A principal orientação dos professores é simples: pouco importa se o candidato é contra ou a favor de determinado ponto de vista – o fundamental é propor uma forma de intervir no problema dado.
Confira na lista a seguir outras formas de aprimorar a conclusão da redação:
Fuja das propostas vazias
Professores afirmam que nove em cada dez redações apresentadas no Enem e vestibulares são encerradas por passagens como “precisamos nos conscientizar de que”, “os pais precisam se conscientizar”, “o governo deve conscientizar os cidadãos”. Não há mal algum em imaginar que a tomada de consciência é o primeiro passo para mudanças. Mas se essa fosse a cura para todas as doenças, bastaria realizar milhares de campanhas de conscientização para sanar todos os problemas do mundo.
O Enem espera algo mais dos candidatos. Valoriza propostas de intervenção particulares, ou seja, soluções para questões específicas. “Consciência todos devem ter, mas da consciência é preciso partir para a ação. Pense em quais atitudes concretas devem ser tomadas para que o problema seja resolvido”, diz Eclícia Pereira, coordenadora de redação do Cursinho da Poli.
Confira a seguir dois exemplos, uma proposta vaga e outra mais elaborada, que tratam dos desafios para a educação do Brasil:
1. “É fundamental que o país tenha uma educação melhor”
2. “É fundamental melhorar o ensino básico público, expandir o ensino técnico e facilitar o ingresso de pessoas mais pobres ao ensino superior”
Explicação do professor:
O Enem pede uma proposta detalhada de intervenção. Dessa forma, a proposta de número 2 é mais efetiva do que a primeira: ela não diz apenas que a educação dever ser melhor, mas sugere o que deveria ser feito para alcançar esse objetivo.
Apresente soluções realistas
Antes de apresentar sua solução ao problema proposto pela redação, é preciso refletir se sua sugestão poderia de fato ser colocada em prática. O professor Francisco Platão Savioli, do Anglo Vestibulares, conta que é comum alunos mostrarem propostas inexequíveis ou mesmo delirantes.
Entenda a diferença entre os dois tipos de propostas nos exemplos a seguir, que tratam do combate à violência:
1. Proposta pouco efetiva
“A violência só será resolvida quando os cidadãos se convencerem de que são todos irmãos e precisam respeitar uns aos outros.”
2. Proposta efetiva
“Para combater a violência é preciso ampliar o número de policiais nas ruas, assim como treiná-los intensivamente.”
Assuma a responsabilidade pela solução apresentada
Um erro bastante comum entre os estudantes é terceirizar o problema, ou seja, atribuir a outro a responsabilidade pela solução da questão apresentada na redação. Por exemplo: o candidato afirma que a sociedade deve atentar para o alto índice de trabalho infantil. Contudo, se esquece de deixar claro que também faz parte dessa sociedade e, por isso, tem sua parcela de responsabilidade.
Tema do Enem 2011: “Viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado”
Exemplos de soluções:
1. O governo deve verificar se as informações publicadas na internet estão sendo usadas de forma a não ferir a privacidade de cada um.
2. As pessoas devem sempre lembrar que uma informação publicada na internet estará disponível a todo mundo e eternamente em circulação.
Explicação da professora Eclícia Pereira, coordenadora de redação do Cursinho da Poli:
A proposta 2 é melhor. Não faz sentido o governo ter que vigiar tudo o que é publicado na internet. A responsabilidade de gerir informações entre público e privado é das pessoas que expõem seus dados na rede.