Reabilitado para a seleção brasileira depois de ser ignorado por Mano Menezes em boa parte dos seus dois anos no cargo, o atacante Fred não só vingou a insistência do técnico Luiz Felipe Scolari num homem de referência na área como se tornou o artilheiro da equipe.

Marcou três gols, um em cada amistoso disputado pela seleção até agora – incluindo a bola que salvou a seleção da derrota por 1 a 0 para a Rússia, nesta segunda-feira, em Londres.

Mais do que oportunismo, Fred creditou seu desempenho à paciência. Prejudicado pela falta de ritmo no início de temporada no Brasil e pelos problemas da seleção no departamento de criação, o centroavante do Fluminense, que já não tem na velocidade um de seus pontos fortes, resistiu à tentação de ir buscar jogo fora da área adversária e decidiu ficar à espera de um brecha.

“A Rússia veio com duas linhas de quatro jogadores fechando muito o meio de campo e a zaga. Dificultou muito. Tive que me conter para não sair da área, pois já contávamos com muitos jogadores tentando organizar o jogo por ali, como o Neymar, o Kaká e o Oscar. Se saísse também apenas seria mais um longe do gol. Senti que teria de ficar por ali”, explicou Fred.

Se na derrota por 2 a 1 para a Inglaterra ele marcou com um belo chute de fora da área, tanto no empate com a Itália e no jogo desta segunda-feira Fred viu recompensada a combinação entre posicionamento e insistência. Em Genebra, na quinta-feira, estava no caminho de uma bola desviada pela zaga italiana. No estádio do Chelsea, apareceu para empurrar para a rede o cruzamento de Marcelo.

“Se pudesse dar um prêmio de melhor jogador, seria para o Fred. Pouca gente percebe o trabalho sujo que ele precisa fazer, enfrentando a zaga e tentando abrir espaço”, elogiou o lateral.

Na parceria com Neymar, ainda parece haver um ruído, sobretudo nas tabelinhas. Algo que o jogador do Fluminense admite precisar de ‘polimento’. “No caso da jogada do Marcelo e do Hulk, senti que precisava estar na área. Minha função principal é essa, mas também quero tabelar para deixar meus companheiros na cara do gol”.

Com 100% de aproveitamento na segunda era Felipão, Fred poderá ter a chance de manter a média no amistoso beneficente contra a Bolívia, dia 6. Como a partida terá apenas jogadores atuando em clubes brasileiros e o treinador não parece disposto a fazer muitas concessões às equipes disputando a Libertadores, pouca gente apostaria contra mais uma convocação para o atacante, que completa 30 anos em outubro.