Tornar-se amante de um homem casado é sempre uma questão delicada. Movido por diversos motivos –amor, paixão, carência, sexo, comodismo–, esse tipo de relacionamento é mais comum do que se imagina e sempre esbarra nos limites da razão. Muitas mulheres nem gostam de ser chamadas de amantes, pois a palavra tem uma conotação pejorativa. Preferem o título de namorada, mais respeitoso e romântico.
Por outro lado, há mulheres que se sentem à vontade no papel da “outra” e desfrutam, sem culpa, da condição. Especialistas afirmam, no entanto, que ser amante é alternar, o tempo todo, sofrimento e prazer. “As vantagens são a constante e intensa excitação inerente ao risco da descoberta, a sensação de novidade pela escassez ou dificuldade de encontros e ausência de rotina, a falta de responsabilidade ou compromisso com problemas do parceiro ou típicos de uma relação conjugal”, diz a psicóloga cognitivo-comportamental Mara Lúcia Madureira.
As desvantagens vão desde o pouco (ou nenhum) compartilhamento de momentos agradáveis em público, a impossibilidade de planejar e realizar juntos programas prolongados como viagens e férias, não poder contar com o amado em momentos difíceis, restrições quanto aos telefonemas e, ainda, a dificuldade em lidar com o ciúme da mulher oficial. Outro fator negativo é que o envolvimento nem sempre constrói laços afetivos entre o casal. “Como os encontros são limitados e geralmente quando os dois se veem acabam transando, esse tipo de relacionamento fica vinculado ao sexo”, explica a psicoterapeuta Carmen Cerqueira Cesar.
Mesmo com todos os indícios de que o relacionamento não tem futuro, muitas amantes não abrem mão dele, de acordo com Carmen, por causa do espírito de competição feminina. “Algumas acham que vão vencer a oficial, porque se consideram melhores e conseguirão conquistar o sujeito. E há aquelas que desejam fazer feliz e lutar por aquele homem que sofre com um ‘casamento ruim e falido’, pelo menos nas palavras dele”, diz. Seja qual for a motivação, nesse triângulo amoroso, a culpa nunca vai ser da “outra”, pelo menos na cabeça dela. “A amante costuma se colocar como a vítima da história, como se ela não fosse protagonista de sua própria vida”, afirma a psicoterapeuta.
Fonte: Uol Comportalmentos