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Sem serviços básicos, Palmeirais vive situação caótica

O caos instalado no município de Palmeirais, 110 km de Teresina, ficou evidente ontem, após os protestos ocorridos na cidade. Revoltados com a instabilidade política e com a precariedade de serviços básicos como água, luz, saúde e educação, os moradores não hesitaram em incendiar e depredar a sede da Eletrobras e da Agespisa. Eles também não economizam nas críticas aos gestores.

Fotos: Jailson Soares/ODIA

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Insegurança política gera caos em Palmeirais

As incertezas no município começaram desde que o prefeito eleito, Paulo César Vilarinho foi cassado, há oito meses. Durante esse período, a gestão municipal ficou a cargo do presidente da Câmara de Vereadores, Reginaldo Junior.

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Prédio da Eletrobras, que foi incendiado por populares

Mas os problemas se agravaram mesmo após a decisão judicial que determinou o retorno de Paulo César. Segundo o morador Renato Carlos Ribeiro, desde então a cidade está parada e a população não sabe quem é o prefeito. “Ninguém sabe, porque a justiça mandou o Paulo César voltar, mas ele não assumiu de fato. O outro que estava, não aparece mais na cidade”, disse Renato.

Prédio da Agespisa foi apedrejado

Em sua defesa, Reginaldo Junior argumenta que os problemas financeiros enfrentados pelo município foram causados pelo próprio Paulo César Vilarinho, que solicitou o bloqueio das contas da prefeitura à justiça. “Nós não estamos conseguindo honrar os compromissos desde o dia 9 de abril, pois não temos acesso ao recurso”, disse Reginaldo Junior. Por outro lado, a justificativa usada por Paulo César para pedir o bloqueio, que foi determinado pela comarca local, é de que o prefeito em exercício poderia sacar os recursos públicos e atrapalhar a administração municipal.

Enquanto o impasse continua e as contas permanecem bloqueadas, a população de Palmeirais sofre com a falta de ambulância, os alunos estão sem aulas porque não têm transporte escolar e os servidores públicos que têm empréstimo consignado ficam em débito com os bancos, que não recebem o repasse do percentual descontado dos salários.

Funcionários do hospital se uniram para botar combustível em ambulância

Duas, das quatro ambulâncias de Palmeirais, estão paradas por falta de combustível. Trata-se dos veículos que atendiam nos povoados de Tranqueira e Riacho dos Negros. Somente um veículo do SAMU e outro, que atende ocorrências na sede do município, estão sendo abastecidos. Ambos ficam no hospital e se dividem no atendimento aos pacientes de todo o município e no transporte dos casos mais graves para Teresina.

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Ambulâncias são as únicas que estão sendo utilizadas

Segundo o diretor administrativo do hospital Aristides Saraiva de Almeida, Sanatiel Ribeiro, o problema chegou a ser mais grave no início do mês, quando faltou combustível até para as duas ambulâncias que ficam na cidade. “Nós tivemos que tirar do nosso bolso para abastecer, porque essas não podem parar de jeito nenhum”, disse Sanatiel.

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Diretor administrativo do hospital, Sanatiel Ribeiro

Depois desse episódio, a prefeitura está pagando o combustível dos dois veículos à vista. Isso porque os postos da cidade, devido à insegurança política, não confiam em abastecer à prazo, por medo de não receberem o pagamento posteriormente.

Alunos estão há mais de um mês sem aula

O problema da falta de combustível afetou também o transporte escolar do município. Na Escola Estadual Sebastião Soares Ribeiro, pelo menos 130 alunos da zona rural estão sem frequentar as aulas porque não têm como chegar ao colégio. Alguns deles, principalmente do ensino médio, que estudam à noite, já não vão há quase um mês.

Diretora da escola, Joselina Monteiro

Segundo a diretora Joselina Monteiro, a ausência não é maior porque alguns alunos vão de moto ou de bicicleta para a escola. “No turno da noite é o problema mais grave. Cerca de 40% dos alunos não estão frequentando. Alguns perderam prova e nós teremos que fazer uma segunda chamada”, disse a educadora.

Além da falta de combustível nos ônibus, que afeta também outras escolas, Joselina informa que os dois veículos que traziam os alunos dos povoados de Morros e Várzea estão quebrados. “Eles foram para a manutenção em Teresina, mas depois do bloqueio das contas, a prefeitura não teve como pagar o serviço e os ônibus ficaram na capital”, conta a diretora.

Polícia estima que mil pessoas tenham participado dos protestos

O prédio onde funcionava a sede da Eletrobras ainda tem vestígios de fumaça e cheiro de queimado. O local foi o primeiro alvo da revolta da população de Palmeirais, que já estava há quatro dias sem luz e sem água. A polícia estima que cerca de mil pessoas tenham participado dos protestos, que contaram ainda com a depredação da sede da Agespisa e a ameaça de invasão da prefeitura.

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Segundo o capitão Franco Pereira, comandante da Companhia de Água Branca, que estava na cidade para reforçar o policiamento, o que motivou a revolta da população foi a frequência com que aconteciam as interrupções no fornecimento de energia e de água em Palmeirais. “Em outra ocasião, quando já havia ficado três dias sem esses serviços, foi feita a ameaça”, disse o capitão.

Capitão Franco Pereira, comandante da Companhia de Água Branca

Na tarde desta quarta-feira, seis viaturas e cerca de 25 policiais estavam em Palmeirais, onde normalmente só ficam dois PMs e um agente da Polícia Civil. Policiais Federais também passaram pela cidade.

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O capitão Franco Pereira explica que, ontem, a população só não invadiu a prefeitura porque o policiamento chegou ao local antes dos manifestantes. “Desde as 14h já estávamos monitorando a situação. A partir das 16h a tensão aumentou e mandamos o reforço”, disse o policial.

Comerciante teve prejuízo de R$ 3 mil

O prejuízo de Simone Pereira, que trabalha em uma lanchonete, pode exemplificar o motivo da revolta em Palmeirais. “Eu perdi R$ 3 mil em polpa de frutas e filé de frango, além de quatro dias sem vender, por falta de energia para conservar os alimentos e de água para preparar as comidas”, disse a comerciante.

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Simone Pereira, comerciante que perdeu R$ 3 mil

Em nota, a Eletrobras informou que o problema no fornecimento de eletricidade ocorreu em função de incidentes provocados pelo mau tempo, os quais acabaram causando sérios danos à rede elétrica do município. Por isso, foi necessário desligar a rede para possibilitar que as equipes trabalhassem na recuperação dos cabos partidos e de cinco postes quebrados. A Agespisa lamentou a destruição do prédio da empresa e informou que a falta de água se deu por conta da falta de eletricidade para realizar o bombeamento da água dos poços para as casas.

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Prédio da Agespisa, que foi depredado

Hoje, o abastecimento de água havia sido normalizado, depois que o fornecimento de energia também foi restabelecido. A polícia foi acionada para apurar as responsabilidades sobre a destruição dos dois prédios.

Fonte: Jornal O DIA

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