Diferente das manifestações anteriores realizadas em Teresina nas última semanas, a participação de Teresina no “Dia Nacional de Lutas” foi marcada pela participação de diversas entidades sindicais e estudantis que articularam o movimento na capital. O ato, que contou a participação de centenas de manifestantes, foi organizado em blocos e teve um percurso semelhante aos dos movimentos anteriores que ocuparam a avenida Frei Serafim.
Para Elton Arruda, filiado à Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a articulação dos seguimentos organizados da classe, ligados ou não ao governo, se faz ainda mais necessária em épocas de mobilização popular. Entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a CTB não fazem oposição à gestão de Dilma Rousseff (PT).
“Acreditamos em movimento de trabalhadores, homens e mulheres, unidos em pautas comuns. Mas queremos, de imediato, uma reforma política, através do plebiscito. Quem tem medo de plebiscito tem medo da opinião do povo”, pontuou Arruda, que também é um dos dirigentes do Sindicato dos Professores da Rede Particular (Sinpro).
“Este ato é muito importante porque trouxe a juventude e os trabalhadores da CUT e da CTB, que têm ligação com o governo e que estavam distantes das lutas da classe trabalhadora nos últimos dez anos, de volta às ruas, cumprindo o seu papel. Isso mostra um momento de retomada de pautas, de unificação das trabalhadoras e dos trabalhadores”, avaliou Madalena Nunes, membro do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Piauí (Sintrajufe) e da Intersindical, que faz oposição ao governo petista.
Além de melhorias no transporte público, os manifestantes exigiam mais verbas para a Educação e Saúde, reajuste digno para os aposentados e regularização fundiária, além da reivindicação contrária à privatização dos serviços públicos, dando ênfase a projetos que ampliam a privatização da Eletrobras e Agespisa.
A concentração foi feita na Praça da Liberdade por volta das 16h. Os manifestantes percorreram o centro, nas proximidades do Teatro 4 de Setembro, antes de ocuparem o cruzamento das avenidas Frei Serafim e Coelho de Resende, onde apresentaram as pautas de reivindicação para um grupo de pessoas que aguardavam a liberação da via em carros e paradas de ônibus.
Durante todo o percurso o ato foi pacífico. O encerrado ocorreu na Praça da Liberdade, no início da noite.
Luta pelo direito à terra
No ato desta quinta-feira (11) também estiveram presentes representantes de associações de moradores e conselhos comunitários de bairros da periferia de Teresina. De acordo com as entidades do setor, a principal reivindicação está ligada à regularização fundiária de áreas ocupadas, na capital e no interior.
Segundo Creuza Silva Santos, do Conselho Comunitário Parque Universitário, a ausência da legalização fundiária atrapalha a garantia a outros direitos básicos. “Não temos saneamento básico e nem energia elétrica de qualidade. Não temos escola e nem creches, temos de levar nossos filhos para bairros mais distantes, com ônibus escolares cada vez mais lotados. Sem falar na falta de um posto de saúde”, denunciou a moradora. “Sem um terreno legalizado não temos CEP, não podemos fazer um empréstimo no banco, não conseguimos entrar em projetos do governo, de moradia popular. Perdemos muitos outros direitos básicos sem a regulamentação fundiária”, concluiu.
Além do Parque Universitário, áreas como a do parque Brasil e das vilas Irmã Dulce e das Torres passam por processos judiciais de reintegração de posse.
Estudantes se juntam aos sindicatos
Jovens de entidades estudantis como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL) levaram as pautas da juventude em conjunto com as reivindicações sindicais.
De acordo com Verônica Viana, militante da ANEL, a presença dos estudantes representa a aliança “operária-estudantil “ para a garantia de direitos. “Em breve nós, estudantes, estaremos sofrendo com os abusos do mercado de trabalho, sofrendo enquanto classe trabalhadora. O movimento estudantil não pode ficar afastado dessa realidade”, justificou a estudante.
Sindicato dos Urbanitários alertam para greve da categoria
De acordo com o representante do Sindicato dos Urbanitários, Carlos Alberto, as péssimas condições de trabalho e as iniciativas de terceirização do serviço levaram a categoria a articular uma greve geral para a próxima semana.
Segundo o sindicato, a partir de segunda-feira (15), cerca de 1.500 funcionários do setor devem paralisar o serviço por tempo indeterminado, garantindo a manutenção prevista em lei de 30% dos servidores.
“Neste ano, nossas cláusulas do Acordo Coletivo retroagiram se comparadas a 2011 e 2012. Só estamos pedindo melhores condições de trabalho e o fim da terceirização de funcionários e serviços”, denunciou o sindicalista.
Fonte: O Dia