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SP: Jovem morre após ser atingido por animal não identificado em praia

Um estudante de 16 anos morreu em Santos, no litoral de São Paulo, após ser atacado e sofrer uma perfuração causada por um animal não identificado durante um banho de mar. O acidente ocorreu em Praia Grande, quando Alexandre Lima da Silva Júnior estava a passeio na cidade com a família. Em entrevista nesta terça-feira, 28, a tia do rapaz relatou que o jovem ficou internado por 34 dias e teve diagnóstico de perfuração em órgãos e hemorragia interna. Um salva-vidas disse à família que ele poderia ter sido ferroado por algum animal marinho.

Alexandre morava em Osasco, região metropolitana de São Paulo, e veio passear com a família na cidade litorânea. “A mãe dele, minha prima, é associada a uma colônia de férias para qual fomos em Praia Grande. Chegamos no dia 21 de dezembro na praia, por volta das 12h. Entramos na água eu, ele, a mãe dele, minhas filhas e o meu filho. Estávamos próximos à Avenida Presidente Castelo Branco, no bairro Solemar, com a água na altura da cintura. Teve um momento que o Alexandre mergulhou e segundos depois levantou assustado”, diz a professora Alani Paz Lima, de 39 anos, prima do jovem.

Em seguida, a professora relata que a mãe do estudante pediu que ela o ajudasse. “Quando olhei vi um furo no abdômen. Ao sentir aquela dor, ele passou a ficar tonto e começou a cair na água. Eu o segurei e gritei por ajuda”, diz a prima.

O jovem foi retirado do mar pelos salva-vidas e banhistas que estavam no local. Ao chegar na areia, Alani relata que questionou o estudante do que havia o machucado, e ele relatou que só “sentiu a pancada e houve um pequeno sangramento”. Depois, ela perguntou ao salva-vidas o que poderia ter acontecido. “Ninguém soube explicar o que aconteceu. A suspeita é que tenha sido uma raia, mas não há confirmação”, relembra.

A família, então, foi informada que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência demoraria pelo menos 40 minutos. Então, um vendedor que estava na praia ofereceu carona até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade.

“Na UPA Samambaia tinha várias ambulâncias paradas lá na frente. Pedi ajuda para que alguém tirasse ele do carro e a equipe do hospital ajudou e o levou para dentro. Nessa hora ele já reclamava de tanta dor que não conseguia nem fazer xixi. Colocaram um remédio nele e suturaram”, conta Alani.

Após os procedimentos médicos, o jovem foi encaminhado ao Hospital Irmã Dulce, que teria suporte cirúrgico. “Depois da realização de exames, o cirurgião só olhou o ferimento, deu uma apertada e deu alta. Não conseguíamos acreditar, porque ele estava cada vez pior, pálido e vomitando, com febre alta. O enfermeiro também nos disse acreditar que era ferimento de algum animal”, relata.

Alexandre então, segundo a prima, foi reencaminhado para UPA. Na unidade, ele também recebeu alta médica. A família começou a perceber novos sintomas e inchaço no abdômen do estudante. “Foi um atendimento superficial. Na hora que ele iria tomar banho para ir embora, desmaiou, teve que voltar para o hospital. Nesse momento, a mãe dele pediu que fosse transferido ao convênio”, conta Alani.

O jovem foi encaminhado ao Hospital Frei Galvão, em Santos, onde foi atendido por uma cirurgiã. Segundo a família, ela relatou que o quadro clínico dele era de urgência e teria que fazer um procedimento cirúrgico o mais rápido possível. No dia seguinte, familiares receberam a notícia que Alexandre havia tido órgãos perfurados no incidente.

“A equipe foi muito atenciosa e disse não acreditar que ele tinha tido alta em Praia Grande. Ele estava com perfuração no fígado, no pâncreas e em duas artérias. Tiraram dois litros de sangue de hemorragia de dentro dele”. Depois disso, ele ficou internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

O estudante ainda chegou a ficar consciente por um tempo e ficou internado por 34 dias. Ele passou por quatro cirurgias e, em uma delas, chegou a retirar o baço, segundo a família. Os sintomas foram piorando e o jovem realizou transfusões de sangue. No último procedimento, ele não resistiu, vindo a óbito na última segunda-feira (27).

“Ele era filho único, jovem, estudioso, com uma vida pela frente. A mãe dele não pode ter outro filho. Está muito abalada e desesperada. O pai está muito triste. É uma dor que não desejamos nem ao nosso pior inimigo. Queremos que o atendimento público tenha mais suporte, porque foi muito precário. Não queremos que apareçam outras vítimas deste tipo de incidente”, finaliza a prima.

Um boletim de ocorrência foi registrado no 7º DP de Santos. De acordo com a Polícia Civil, o corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) e o caso, registrado como morte suspeita, foi encaminhado ao 3°DP da Praia Grande, delegacia da área, para continuidade nas investigações.

Atendimento público

Em nota, a direção da UPA Samambaia esclarece que o paciente em questão deu entrada na unidade por volta das 12h34 do dia 21 de dezembro, apresentando ferimento na região do abdômen, recebendo todo o atendimento necessário ao seu caso. Na ocasião, segundo a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), gestora da unidade, os familiares responsáveis pelo paciente relataram que o mesmo havia sofrido uma queda na praia.

Após avaliação inicial na UPA, o paciente foi encaminhado ao Hospital Municipal Irmã Dulce para avaliação, passando por exames laboratoriais, tomografia, avaliação das equipes de neurocirurgia e cirurgia geral, apresentando quadro de saúde estável. Após retornar ao serviço de origem, o mesmo foi transferido no próprio dia 21, por volta das 21h30, para unidade particular de saúde (no caso o Hospital Frei Galvão) a pedido da família.

A Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina afirma ainda que, devido ao curto período no qual permaneceu em atendimento nestas unidades, foi possível realizar apenas o pronto-atendimento do caso, com avaliação inicial e estabilização clínica do paciente. Porém, não houve tempo hábil para realizar uma investigação diagnóstica aprofundada, devido à breve transferência do paciente para unidade particular de saúde de seu convênio, conforme citado acima.

A SPDM diz permanecer à disposição dos familiares para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.

Arraia

O biólogo Aguinaldo Sanches explicou em entrevista à TV Anhanguera que as arraias são consideradas dóceis, não são agressivas e não atacam. O que o ocorre é uma ação involuntária. Quando alguém pisa no dorso, a cauda levanta e provoca o ferrão.

“O ferrão se encontra mais ou menos na metade da cauda. É uma estrutura calcificada, totalmente composta por espinhos. É coberto por um tecido glandular, onde são produzidas as toxinas. Quando perfura a pele de uma pessoa é injetado o veneno produzido, que age no tecido causando bastante sangramento e uma dor aguda”, disse.

Ele relatou também que os casos de ferroadas são mais comuns na temporada de praias porque as pessoas deixam cair restos de comida na água, fator que atrai os peixes e consequentemente as arraias.

 

 

 

 

 

Fonte: G1

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