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“Vingadores: Guerra Infinita” vem para cortar na carne

Se você é do tipo que não lida bem com perdas, fique avisado de que esta terceira aventura dos Vingadores pode causar traumas: Fulano, Beltrano, Sicrana e vários outros não mais vão estar entre nós quando a segunda parte do filme – rodada ao mesmo tempo que esta, mas ainda sem título – estrear, em 2 de maio de 2019. Sem dó nem piedade, os diretores Anthony e Joe Russo cortam na carne em Guerra Infinita. Confrontados pelo mais poderoso dos vilões, o indestrutível Thanos, os super-heróis reunidos entre todos os times da Marvel sofrem baixa atrás de baixa. Amizades que apenas estavam nascendo – por exemplo, entre alguns dos Vingadores e alguns dos Guardiões da Galáxia – morrem antes de florescer. Rupturas que mal e mal começavam a ser remendadas ficam pelo meio do caminho. Laços de sangue são desfeitos, paixões terminam antes de se realizar. No décimo-nono filme da Era Marvel, pelo jeito baixou um espírito Game of Thrones nos irmãos Russo e no presidente dos estúdios, Kevin Feige, e eles decidiram que era hora de praticar algum controle populacional no seu plantel de personagens (inclusive porque alguns atores que não serão mencionados por nome aqui já vinham dizendo que, para eles, deu e basta). E não, eles não estão mexendo só com coadjuvantes. Quando falo em perda, é perda mesmo, protagonistas incluídos. Pelo menos até segunda ordem: se algum herói ressuscitar miraculosamente no ano que vem ou mais adiante, não seria a primeira vez, nem muito menos a última, que isso acontece entre personagens vindos dos quadrinhos.

Vingadores: Guerra Infinita

 (Marvel-Disney/Divulgação)

Em um filme que põe todas as fichas na mesa e joga para arrebentar a banca, essa é então uma das três únicas ressalvas substantivas que eu faria – primeiro, a suspeita de que Fulano e Beltrano, ao menos, talvez não estejam assim mortos para sempre, o que alivia a dor no coração mas diminui o investimento emocional. Segundo, o excesso de computação gráfica. É uma necessidade da história, que se passa universo afora e também na Terra, mas cansa; pessoalmente, o estilo bruto e, vá lá, realista foi sempre um dos pontos que mais admirei nos dois Capitão América dirigidos pelos Russo. Terceiro, e citando Thor: como fala esse Thanos, caramba. É um tal de se explicar, e de pontificar sobre suas teorias de genocídio como forma de preservação ambiental, que não acaba mais. Como Thanos é também vítima do excesso de computação gráfica (parece uma action figure lilás com a cara de Josh Brolin), ele fica duplamente cansativo. Mas estou reclamando só porque Anthony e Joe Russo me habituaram à excelência e à originalidade do trabalho deles com O Soldado Invernal e Guerra Civil, e agora me sinto no direito de cobrá-las. Fossem eles diretores assim-assim, como o Joss Whedon de Os Vingadores e Era de Ultron, e eu já daria de barato que iria haver umas tantas cenas genéricas de destruição em grande escala e uma trilha orquestral bem exagerada. Dos Russo, porém, espera-se muito músculo e nada de gordura. Mas, ei, é Vingadores, e é para exagerar mesmo.

Vingadores: Guerra Infinita

 (Marvel-Disney/Divulgação)

Felizmente, os Russo continuam batendo muito forte nas cenas de ação, não dão pausa para ninguém recobrar o fôlego e mantêm com pulso firme o controle da imensa quantidade de subtramas. Não há personagem que não esteja indo ou vindo, reencontrando outros ou conhecendo-os pela primeira vez, armando para alguém ou tentando se safar de alguma armação; Guerra Infinita é, entre outras coisas, um triunfo da organização dos roteiristas e diretores. Suspeito que esse time todo seja fã das comédias da era de ouro de Hollywood, entre os anos 30 e 40, porque os diálogos (em particular os bem-humorados) chegam a estalar. Guerra Infinita não mudou em nada as minhas preferências: continuo achando que Chris Evans como o Capitão América e Tom Holland como o Homem-Aranha são acertos de escalação perfeitamente redondos. Mas o destaque do dia é Chris Hemsworth, que já veio quente de Thor: Ragnarok e agora está fervendo (melhor momento do filme: o Drax de Dave Bautista vê pela primeira vez o deus de Asgard). Uma última queixa? A cena pós-créditos é de fato pós-créditos: prepare-se para esperar longos minutos com milhares de nomes passando à sua frente até ela finalmente entrar. Mas espere – porque ela é não penduricalho, mas o verdadeiro fim do filme. Que continua, com grande clima e muito suspense, dentro de 371 dias.

 

 

Fonte:Veja.abril

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