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Remédios para diabetes: farmácias devem exigir receituário médico?

O deputado federal Eduardo Bismarck, do PDT do Ceará, apresentou à Anvisa a sugestão de que os medicamentos à base de semaglutida, liraglutida e dulaglutida, usados no tratamento do diabetes, passem a ser vendidos em farmácia apenas com a apresentação do receituário médico especial tipo C1.

Esse é um receituário branco em duas vias que permite fazer o controle das prescrições e dispensações pelas drogarias.

Segundo a assessoria do deputado, o principal motivo da solicitação é haver uma grande demanda por esses remédios sem o respectivo atendimento médico, e ainda para situações que não constam em bula.

O estopim parece ser um comunicado recente da farmacêutica Novo Nordisk sobre a possibilidade de falta do medicamento semaglutida injetável 1 mg devido à enorme demanda mundial. A principal suposição para a procura sem receita médica é o uso para tratar excesso de peso (um dos efeitos da medicação).

Só que, nesse caso, a indicação em bula do remédio é tratar o diabetes, e não a obesidade. Com tamanha demanda, pessoas que utilizam a semaglutida para controlar os níveis de açúcar no sangue podem ficar sem o tratamento.

No pano de fundo, a grande pergunta é: devemos solicitar receita controlada somente para medicamentos contendo semaglutida, liraglutida ou dulaglutida?

Todos os remédios para tratar diabetes possuem efeitos benéficos e também potenciais efeitos colaterais. O que dizer sobre a venda de insulina sem receita médica? Seu uso incorreto pode gerar hipoglicemi, convulsão e até morte.

Outros medicamentos de uso oral para o diabetes tipo 2 também podem promover maior risco de queda na glicose, diarreia, dores abdominais, insuficiência cardíaca… Existem contraindicações individualizas e ajustes de doses, como no caso de pacientes com insuficiência renal crônica.

E vamos além: pessoas com diabetes comumente tomam medicamentos para pressão alta e colesterol. São comprimidos importantíssimos, mas que não deixam de ter seus eventos adversos. Aliás, isso também vale para remédios de uso corriqueiro, como antitérmicos, antiácidos e antigripais.

A grande questão aqui é estabelecer uma ponte entre médico e paciente. Avaliar caso a caso. Orientar.

Sabemos que a automedicação é um problema de saúde pública. Em vários países a compra de remédios

só acontece via apresentação da receita médica.

Não seria um bom momento para o Brasil discutir, como sociedade, a necessidade de receita controlada para a compra de medicamentos, especialmente os de uso crônico? Acesso, engajamento, segurança… Tudo isso está em jogo. Não há respostas fáceis.

 

 

Fonte: Veja

 

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