Por mais de cinco décadas, Raimunda Ana de Jesus de Carvalho, mais conhecida como Toquinha, mantém viva a tradição de produzir artesanato com as fibras da caroá ou coroá, planta espinhosa e típica da caatinga. Atualmente aposentada e com 66 anos, a artesã conta como a arte foi a única fonte de renda da família na zona rural de Pio IX, Sul do Piauí.
“Comecei com nove anos, via as moças da comunidade fazendo e fui tentar fazer também. A venda da minha primeira peça eu comprei dois sacos de arroz, um quilo de açúcar, uma panela, dois pares de chinelos e outras mercadorias para casa”, contou com o orgulho estampado no rosto.
Com muita cantoria, ela mesma colhe no mato a folha da planta para o artesanato. Para transformar a caroá em arte é preciso uma técnica singular de preparo. Dona Toquinha bate a folha e depois a coloca para secar no sol por um dia, desta forma ela consegue amaciar as fibras que serão trançadas.
Apesar da artesã tentar manter a tradição, a arte rústica está com os dias contados, porque ninguém da região se interessa mais em aprender. Para piorar, dona Toquinha foi diagnosticada com problemas pulmonares, que a impedem de produzir.
“Ninguém quer aprender. Preferem procurar outro serviço”, lamentou a artesã.
Para a historiadora Hanna Alves, este é um capítulo importante para a cultura de Pio XIX, que não pode ser esquecido. Ela frisou a necessidade da valorização da arte para o Piauí.
“A fibra do caroá ajudou no sustento de muitas famílias das décadas de 20 até 50. A planta se fez presente para complementar a renda familiar e isto foi a cultura que por um bom tempo só se sabia dela”, declarou.
Fonte: G1