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Bala e Batom: Primeira mulher recordista na Carabina Aberta

Andressa Tamires, a caminho das Olimpíadas de 2020. Foto: Arquivo pessoal

O tiro esportivo foi à primeira modalidade que deu as primeiras medalhas ao país. Na Antuérpia 1920.

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Andressa Tamires, a caminho das Olimpíadas de 2020.
Foto: Arquivo pessoal

Box Sandy1Segundo site Brasil 2016, o uso de arma de fogo e os clubes de caça contribuíram para a criação do tiro esportivo. Em 1346, quando ingleses e franceses se enfrentaram na Batalha de Crécy, as linhas de tiro que eram usadas em combates, serviram como modelo para as primeiras competições, com disputas nas posições deitado, de joelhos e em pé. Já a atividade dos caçadores inspirou algumas das provas que existem atualmente, como skeet e fossa.

 

O tiro esportivo participa dos jogos olímpicos desde a primeira edição, em Atenas 1896. Até Tóquio 1964, as mulheres não podiam disputar as competições de tiro, sendo autorizadas a competir com os homens somente a partir da Cidade do México 1968. Foi apenas nos Jogos de Los Angeles 1984 que elas passaram a contar com uma competição exclusiva no programa olímpico. Hoje são três categorias do tiro esportivo nos Jogos: carabina, pistola e tiro ao prato, espalhados em 15 provas.

No Brasil, o tiro esportivo chegou com a imigração europeia, no Século XIX, em consequência dos hábitos e costumes europeus com a figura do coronel no País, essa tradição no nordeste ainda resiste, assim esclarece o professor doutor Adauto Duque.

“O coronel não uma patente militar, mas ele tem um reconhecimento do estado, pois domina a propriedade, domina quem trabalha na propriedade, e os familiares. O armamento é a peça principal, que representa o poder econômico e o poder político dessa figura […] essa ação perpetua até hoje, sendo uma cultura dos espaços rurais, ou seja, o “cabra macho do interior”, que anda com uma arma na cintura, representa força e essa idéia associada ao poder e ao machismo, é uma memória positiva em relação a, quem tem arma tem esse poder”

No Piauí a Oeirense Andressa Tamires vem se destacando ao longo de três anos, nas modalidades de Carabina Aberta e na Pistola de ar, conquistando medalhas e ultrapassando recordes nacionais. A estudante do terceiro ano do ensino médio, filha única de pai cabeleireiro e mãe professora, começou a praticar o tiro esportivo por influência paterna.

 

“Eu sempre gostei de atirar desde criança morei no interior, por causa da caça, e devido o desarmamento, ninguém vai poder caçar. Então resolvi pesquisar sobre o esporte, e vi que em Teresina- PI, já havia o campeonato estadual, e a gente não conhecia. Conseguimos quatro atletas e nos filiamos”, explica Edson de Sousa, pai e treinador da atleta.

 

Box Sandy2Em 2014, aos 15 anos Tamires participou da primeira etapa estadual, conquistou três medalhas no 44º Campeonato Norte Nordeste de Tiro Esportivo, que aconteceu na cidade de Fortaleza, nos dia de 16 a 18 de Maio. Recebendo o 1º lugar na modalidade Pistola de Ar Feminino, conquistando a medalha de Ouro, 2º lugar na modalidade Carabina de Ar Feminino, com a medalha de Prata e 2º lugar na modalidade Carabina Olímpica, ficando assim, com mais uma medalha de Prata.

A atleta ainda não possui um local de treinamento adequado, com técnicos, psicólogo e massagista como as demais concorrentes, juntamente com o seu pai realizam pesquisas e conversam com profissionais mais experientes e colocam em pratica.

“Eu treino nas 4 semanas antes da competição, 3 semanas eu faço tiro seco, para pegar o posicionamento do gatilho, a visada e ter resistência, e na última atiro com chumbinho. Tenho alguns equipamentos que conquistei por meio da bolsa, e eu fui presenteada pela Sterlix Ambiental, com a Carabina Olímpica, e sem esse presente eu não estaria onde estou hoje, a bolsa atleta só dá pra manter os chumbinhos. Quando vamos para viagens em outros estados, levamos uma parte do bolso, e temos ajuda da Prefeitura Municipal de Oeiras e da Engipec, também fazemos rifas para custear as despesas. O investimento no tiro esportivo é muito pouco, e não é bem visto, não temos visibilidade como o futebol, a imprensa não faz cobertura das finais, mesmo assim, já conquistei em 2015 o 1°lugar da carabina mira aberta, vice na Pistola de Carabina de Ar, 2°lugar nas duas modalidade no Campeonato Brasileiro, e em 2016 no Campeonato Norte-Nordeste 1°lugar na pistola nas duas que eu pratico, Campeã na Mira Aberta Brasileira, batendo o recorde nacional de primeira mulher a conquistar 295 pontos e 3°lugar na Carabina de Ar no Brasileiro, eu perdi uma seletiva no Rio, por que fui para a final em Brasília e trouxe o Ouro,  não tinha dinheiro para ir aos dois, perdi a oportunidade de competir no Chile”, ressalta Andressa.

Independente da falta recursos necessários Andressa não pensa em desistir dos seus sonhos, e quer chegar aonde todos os atletas anseiam: a Seleção Brasileira e os Jogos Olímpicos, “Vou lutar no próximo para atingir o índice, e participar de competições internacionais… mesmo com as dificuldades para poder participar das finais, não vou desistir”, finaliza emocionada.

 

Por Sandy Swamy

 

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