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Camocim: policial diz que matou colegas de trabalho porque sofria perseguição

policial civil Antônio Alves Dourado, que matou quatro colegas de trabalho dentro da Delegacia Regional de Camocim, no Ceará, prestou depoimento em audiência de custódia nesta segunda-feira (15) e disse que cometeu o crime porque vinha há anos sofrendo assédio e perseguição por parte dos outros policiais e de delegados. Ele teve sua prisão em flagrante convertida em preventiva.

Portalodia.com teve acesso ao vídeo do depoimento de Antônio Dourado. No relato, ele conta o que motivou o cometimento do crime e disse que sabe que destruiu a vida de seus colegas, das famílias deles e de sua própria família. Dourado mencionou ainda as condições de trabalho na Delegacia de Camocim e as situações de estresse e, segundo ele, humilhação pelas quais passou durante o tempo de serviço.

Veja o depoimento de Antônio Dourado:

“Eu já me deparei com um absurdo de colocarem só uma inspetora de plantão para custodiar preso. Entramos com um pedido para que fosse revista essa situação, procuramos os jornais e fizemos essa denúncia. Como punição, ficamos com expediente de quarta a domingo, de quinta a segunda e de sexta a terça. Foram seis meses sem ter fim de semana em 2013”, relatou Antônio Dourado.

De acordo com ele, o delegado que atuava em Camocim em 2013 foi afastado por aposentadoria compulsória, mas o seu substituto continou com os assédios. Ele relatou ainda que sofria desvio de função e que chegou a ser transferido de unidade policial para a cidade de Granja, onde também sofria, segundo ele, perseguição por parte de colegas e de delegados.

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Crime aconteceu dentro da Delegacia de Camocim-CE – (Reprodução/Google Maps)

“Fui transferido para Granja, depois para Jijoca e lá em fiquei um ano e meio fazendo deslocamentos. Saía de casa 6h30 e chegava por volta de 7h, 8h da noite. Não tinha direito a conviver com meus filhos, não tinha tempo de aproveitar minha vida nem minha família. Depois voltei a Camocim e voltei a sofrer os mesmos asséfios”, explicou Antônio Dourado.

O policial conta que tem plena ciência do que fez e que sabe que destruiu a vida não só dos colegas de trabalho, mas dos familiares deles e de sua própria família. Ele pediu perdão aos parentes das vítimas e disse que “eles não mereciam”. Dourado se prendeu com as próprias algemas e se entregou à polícia após o crime.

“Perdão a todos. Tentei, procurei, fui humilhado, achincalhado, transformado como lixo; me perseguiram, inventaram e criaram. E aqui estou destruído. Destruí minha esposa, destruí meus filhos, esposas e vários filhos de colegas. A família, esposas e filhos não mereciam”, disse o policial.

Foram assassinados por Antônio Dourado dentro da Delegacia de Camocim: Antônio Cláudio dos Santos, de 46 anos; Antônio Rodrigues Miranda, 43 anos; Francisco dos Santos Ferreira, 46 anos; e Gabriel de Sousa Ferreira, 26 anos. Gabriel era inspetor e piauiense.

Prisão convertida em preventiva

audiência de custódia foi conduzida pelo juiz Erick José Pinheiro Pimenta, do 5ª Núcleo Regional de Cusstódia e de Inquérito, em Sobral. No entendimento do magistrado, “a concessão de liberdade do flagranteado traria sérios riscos à ordem pública, haja vista que poderia vir a cometer possíveis outros delitos da mesma natureza em relação às demais pessoas que trabalhavam com ele e contra as quais nutre o mesmo sentimento que motivou a prática dos fatos ora analisados”.

O juiz pontuou ainda a gravidade evidenciada do crime praticado sobretudo por se tratar, seu autor, de um servidor público da área da segurança que tinha o dever de proteger a sociedade. Outro agravante foi o fato das vítima serem colegas de trabalho do acusado, que foram mortos em um momento de descanso. Antônio Dourado deverá ser conduzido para o sistema prisional nesta terça-feira (16).

 

 

 

 

Fonte: Portal o Dia

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