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Cearense é um dos primeiros médicos do mundo a realizar implante cerebral

Em janeiro, o bilionário Elon Musk anunciou que o primeiro humano recebeu o chip cerebral criado por sua empresa do segmento, a Neuralink. Apesar de parecer uma realidade ainda muito distante, o Ceará está mais conectado com esse universo do que se imagina.

CONTROLE COM O PENSAMENTO: Isso porque o cearense Raul Nogueira é um dos primeiros neurologistas a fazer o implante de um tipo de dispositivo que permite que pacientes controlem aparelhos eletrônicos com o pensamento. Diferente do chip da Neuralink, Raul – que é membro do corpo docente da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos – compõe o time que está experimentando um dispositivo cerebral menos invasivo.

RESULTADOS SURPREENDENTES: Até o momento, dez pacientes já receberam o implante, dos quais dois foram colocados pelo médico cearense. Utilizando a tecnologia há cerca de seis meses, o primeiro paciente tem demonstrado resultados surpreendentes. “O implante é um dispositivo médico com sensores que captam as ondas elétricas cerebrais, como se fosse um eletroencefalograma. Ele capta essas ondas elétricas que o cérebro utiliza para comandar todo o corpo”, explica. Raul.

AUTONOMIA: O uso do implante é indicado para pacientes que, em função de um trauma ou algumas doenças, como AVe do tronco cerebral e a esclerose lateral amiotrófica, membros do corpo perdem a capacidade de receber essas ondas elétricas cerebrais e serem controlados. Dessa forma, o objetivo é devolver o mínimo de autonomia e proporcionar maior comporto às pessoas que possuem algum tipo de paralisia.

SOBRE OS PRIMEIROS IMPLANTES: O neurologista pontua que os primeiros implantes que objetivavam proporcionar o controle de dispositivos eletrônicos através da mente foram desenhados como uma espécie de capacete, utilizado por cima do couro cabeludo. Em seguida, começaram a se desenvolvidos chips para serem instalados no próprio cérebro, o que requer uma cirurgia invasiva de cérebro aberto, com inúmeros complicadores, como risco de hemorragias e infecções.

COMO É FEITO ATUALMENTE: Até que o médico Thomas Oxley, CEO da Synchron, criou um tipo de dispositivo para ser colocado no seio sagital superior, a maior veia entre os dois hemisférios cerebrais, localizada logo ao lado do córtex motor. “Então, no lugar de colocar o dispositivo no cérebro, que tem toda essa questão de risco, a gente faz um procedimento que chama endovascular. E um procedimento de cateterização. A gente cateteriza a veia jugular e sobre até a veia do cérebro que está entre os hemisférios cerebrais e coloca um stent”, detalha Raul:

SATISFAÇÃO PESSOAL E PROFISSIONAL: O dispositivo possui sensores que capta as ondas cerebrais e comunica os comandos. Com um transmissor instalado abaixo da clavícula, para os aparelhos eletrônicos, por meio de sistemas. “É uma sensação de satisfação pessoal e profissional pensar que esse trabalho talvez venha ajudar milhares e milhares de pessoas”

RESULTADOS: Um dos pacientes do cearense possui doença degenerativa chamada esclerose lateral amiotrófica. O neurologista explica que ele perdeu o movimento dos membros superiores, mas ainda anda e fala. Porém, por ser uma doença progressiva, a previsão é que ele acabe perdendo o controle de outras partes do corpo também. “Ele vai chegar a um ponto de não mais conseguir andar e falar.

APRIMORAMENTO: Utilizando a tecnologia há cerca de seis meses, os resultados nesse paciente são animadores. Raul esclarece ainda que, cada onda cerebral possui uma assinatura referente ao comando que transmite. Então, o implante passa por um período de aprendizado, por meio de inteligência artificial, para identificar esses padrões. O processo, no entanto, dura apenas alguns dias e permite que, a cada novo paciente, o dispositivo seja aprimorado.

PERSPECTIVAS: Embora animadores, os resultados dessa pesquisa são apenas os primeiros testes em humanos. Kaul revela que o objetivo, por enquanto, é garantir segurança e que não haja nenhuma complicação com o uso do dispositivo. O próximo passo é ampliar os testes para um grupo de 50 a 100 pessoas. A previsão é que a utilização, de fato do implante, só seja liberada em torno de três a cinco anos.

SAUDADE DA TERRA NATAL E DA FAMÍLIA: Questionado sobre o sentimento de participar de um projeto tão inovador, e que pode ser a esperança a milhares de pacientes, o cearense afirma que é o que dá sentido à saudade da terra natal e da família que ficou aqui.

“Tem que valer a pena deixar a sua terra, o lugar que você ama, a família toda. Já há muitos anos, cu faço pesquisa científica nessa área de doenças neurológicas. E eu acho que isso dá um sentido diferente à vida e justifica essa escolha, que foi muito difícil para mim, de não voltar para o Brasil. O maior motivo foi que aqui a gente tem um acesso maior à pesquisa, à inovação”, conta.

“Então, chegar a um ponto desse, de ser um dos primeiros do mundo a fazer esse procedimento e estar bem envolvido com esse tipo de tecnologia, me deixa muito feliz, muito realizado. E uma sensação de satisfação pessoal e profissional pensar que esse trabalho talvez venha ajudar milhares e milhares de pessoas, finalizou.

 

 

Fonte: Meio Norte

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