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Cientista David Goodall, de 104 anos, morre na Suíça após suicídio assistido

David Goodall assina documentos sobre sua decisão com família e amigos instantes antes de morrer (Foto: Exit International)

David Goodall assina documentos sobre sua decisão com família e amigos instantes antes de morrer (Foto: Exit International)

O cientista australiano David Goodall, de 104 anos, morreu na manhã desta quinta-feira (10) na Suíça após sair de seu país para uma clínica de suicídio assistido. No início do mês, o pesquisador virou notícia porque queria acabar com sua própria vida. Goodall não sofria de nenhuma doença terminal, mas afirmava que sua qualidade de vida havia piorado muito com o passar do tempo.

A morte foi confirmada pela clínica Exit International, instituição que ajuda pacientes a morrer na Suíça, onde o suicídio assistido é legal. Uma nota da empresa informa que o pesquisador escolheu uma injeção letal para morrer e caiu no sono segundos depois. O cientista estava acompanhado de netos, familiares e médicos.

Goodall escolheu a 9ª sinfonia de Beethoven para acompanhar sua morte, informa a clínica. Segundo o médico Philip Nitschke, que acompanhou o processo, ele morreu tão logo a música acabou.

O cientista doou o seu corpo à medicina. Ele também pediu para que não tivesse enterro, nem qualquer tipo de cerimonial. Segundo a Exit International, Goodall não acredita em nenhum tipo de continuação de vida após a morte.

David Goodall, de 104 anos, quer ir à Suíça para morrer (Foto: Exit International/AFP)

David Goodall, de 104 anos, quer ir à Suíça para morrer (Foto: Exit International/AFP)

Cientista queria morrer

O pesquisador fez desse momento da vida uma bandeira para lutar em favor de práticas de suicício assistido. Ele divulgou amplamente a sua vontade para a imprensa.

“Lamento profundamente ter chegado a esta idade”, disse o ecologista ao canal australiano ABC no dia de seu aniversário, no início do mês.

“Meu sentimento é que uma pessoa velha como eu deve ter plenos direitos de cidadania, incluindo o direito ao suicídio assistido”, completou.

O suicídio assistido, ou eutanásia, é ilegal na maioria dos países do mundo. Era totalmente proibido na Austrália, mas no ano passado foi legalizado no estado de Victoria, informa a agência France Presse.

A legislação, no entanto, contempla apenas pacientes com doenças em fase terminal — o que não é o caso de Goodall.

O cientista (meio) em seu último café da manhã na clínica. Ele estava acompanhado do médico Philip Nitschke (esquerda) e sua amiga Carol O'Neil (esquerda) (Foto: Exit International)

O cientista (meio) em seu último café da manhã na clínica. Ele estava acompanhado do médico Philip Nitschke (esquerda) e sua amiga Carol O’Neil (esquerda) (Foto: Exit International)

Pesquisador vivia sozinho

O pesquisador nasceu em Londres, mas vivia sozinho em um pequeno apartamento em Perth, no leste australiano, informa a BBC. Ele deixou seu emprego em 1979, mas se manteve envolvido com sua área de trabalho depois disso.

De acordo com a BBC, Goodall editou uma série de livros de 30 volumes chamada “Ecossistemas do Mundo” e foi nomeado membro da Ordem da Austrália por seu trabalho científico.

O professor Goodall, pesquisador associado honorário da Universidade Edith Cowan de Perth, também virou manchete em 2016, quando o centro de ensino solicitou que abandonasse o cargo, alegando riscos vinculados a seus deslocamentos, informa a agência France Presse.

A universidade recuou em sua decisão após a indignação provocada pela notícia. Goodall publicou dezenas de estudos ao longo da carreira e até recentemente colaborava com várias revistas especializadas em ecologia

Fonte:G1

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