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Denodado idealista

Quando ingressei na Faculdade de Direito do Ceará, em 1978, travei amizade com muita gente. Entre os colegas da turma, pontificava o Francisco Meton Marques de Lima, natural de Coreaú-CE. Filho de pobres agricultores. Fez seus estudos sempre em escolas públicas.

Baixote, franzino, infatigável “causeur”. Debatia assuntos jurídicos com muita proficiência. Espargia conhecimento com segurança argumentativa. Muito humilde, sereno.

Ao concluirmos o curso universitário, em 1981, tomamos diferentes rumos na vida. Assentei banca advocatícia na minha terra, Oeiras. À época, ele já trabalhava no BEC – Banco do Estado do Ceará.

Somente em 1989, reencontrei-o, numa radiosa manhã de domingo, no Parque Zoobotânico de Teresina. Disse-me que se tornara Juiz Titular da 1ª Vara do Trabalho da nossa Capital. Por esta época, eu já havia assumido o meu múnus ministerial.

Tomei conhecimento da sua árdua luta visando a criação do 22° Tribunal Regional do Trabalho do Piauí, o que se efetivou em 1991. Moveu céus e terra para atingir este desiderato. Arrastou muita dificuldade, incompreensão.

Instalado o Tribunal em apreço, no dia 08.12.1992, sofreu sabotagem, ingratidão de seus pares sobre a direção da Corte. Nota desagradável!

Vida que segue. Ao assumir pela vez primeira a presidência daquele colegiado (1998 – 2000), uma abelhinha veio me dizer que estavam acontecendo discussões objetivando a criação das seguintes Varas do Trabalho: Picos, Floriano, Barras, Piripiri e Corrente.

Não me conformei. Fui parlamentar com o Dr. Meton. Defendi a inclusão de Oeiras naquele rol. Apresentei convivente justificativa.

Arguto e sincero, asseverou-me que havia sido ultimado o estudo técnico concernente àquela expansão.

Porém, resoluto, garantiu-me que iria mandar refazer tudo para contemplar o justo pleito por mim articulado em homenagem ao valor intrínseco da Velhacap.

Nesta toada, foi editada a Lei nº 10.770, de 21 de novembro de 2003, que dispõe sobre a criação das aludidas Varas do Trabalho.

Hoje à tarde (29.11.2022), recebi, pelos Correios, um exemplar do livro “40 ANOS DE MAGISTRATURA (1982/2022) – 35 DE MAGUSTÉRIO SUPERIOR (1987/2022), de sua autoria, com amável dedicatória, a saber: “Ao estimado colega de Turma da Casa de Clóvis Bevilácqua, com a minha mais elevada admiração e estima, o Dr. Carlos Rubem Campos Reis. – Teresina, 20 de novembro de 2022 – Meton Marques.

Li esta obra de um só fôlego. Belo, inspirado e inspirador relato. Tudo vazado de forma objetiva, marcado pela simplicidade. Nada de purpurina! Características dos grandes e verdadeiros homens de ação.

Arremata dizendo: “Conquanto pareça debalde o embate, nunca será em vão o combate”.

 

 

 

Por Carlos Rubem

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