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Dilma sanciona lei de política de combate à desertificação na área de Gilbués e de mitigação dos efeitos da seca nos municípios do Sul do PI

 

dilma2A presidente Dilma Rousseff criou a Política Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, que inclui a área do deserto de Gilbués e de mitigação dos efeitos da seca nos municípios do semiárido do Piauí.

A área de desertificação de Gilbués, no sul do Piauí, está incluído nos mais de 20 núcleos territoriais do semiárido brasileiro que apresentam alto grau de degradação.

O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Iêdo Bezerra de Sá disse que mais de 20 núcleos territoriais da região já apresentam alto grau de degradação.

Falou que desertificação não resulta apenas das variações climáticas, mas também do peso da ação humana sobre o ambiente.

“Se deixar chegar a esse ponto (desertificação) é quase impossível para se recuperar, porque leva tempo e envolve um custo muito grande”, advertiu o pesquisador, defendendo medidas para evitar que mais áreas avancem para o mesmo estágio.

Em Gilbués e nos outros núcleos territoriais de avanço da desertificação existem propriedades degradadas, onde a cobertura de caatinga praticamente desapareceu. De modo rarefeito, restam cactáceos xique-xiques e arbustos de jurema, espécies endêmicas e mais resistentes da vegetação de caatinga.

“ Numa propriedade dessas, uma pessoa pode ter dois mil hectares e passar fome, não terá nenhuma capacidade de sobreviver, pois daí não consegue tirar nada”, falou Iêdo Bezerra de Sá.

Segundo a pesquisa da Embrapa, o semiárido brasileiro tem cerca de um milhão de hectares, dentro de um polígono que se estende por oito estados do Nordeste e ainda por área do norte de Minas Gerais, envolvendo 1.134 municípios. A área foi delimitada com base em estudos que levaram em conta regiões onde índice pluviométrico apresenta média história até 800 mm por ano. As áreas mais desertificadas já somam 21 mil hectares.

Entre os fatores que mais impactam o ambiente e estimulam a desertificação estaria o tradicional sistema de agricultura itinerante, sem insumos tecnológicos adequados. Depois de duas ou três colheitas, a área é esgotada e abandonada, buscando-se outro local para plantação. Os solos rasos e pobres não resistem a esse modelo produtivo, com avanço da salinização.

Igualmente grave seria a crescente derrubada da caatinga para aproveitamento como fonte de energia. Entre os segmentos industriais que abastecem seus fornos com lenha desse bioma está o siderúrgico.

Vanderlise Giongo, também pesquisadora da Embrapa, reforçou o papel da ação humana no processo de desertificação. Depois, apresentou resultados de estudos desenvolvidos pela Embrapa Semiárido sobre solos, cruzados com dados climáticos, além de informações sobre pesquisas com cultivos que podem contribuir para deter a degradação do Semiárido. Salientou que não é possível um modelo único para toda a região, que apresenta mais de 100 áreas com específicas características ambientais.

Adriano Veturieri, chefe da Embrapa Amazônia Oriental, apontou similaridades de problemas enfrentados pelo Semiárido e a Amazônia, como a exploração ilegal de recursos naturais e a ocupação de áreas com atividade agrícola de baixa produtividade. Salientou a realização de trabalho de zoneamento para atividades produtivas sustentáveis

As áreas passíveis de desertificação no Brasil somam cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados, em oito estados do Nordeste e em municípios do norte de Minas Gerais. Nessa região semiárida vivem cerca de 23 milhões de habitantes, em mais de mil municípios.

É a maior população do mundo concentrada em uma região semiárida. É também uma região com extrema pobreza, em que mais de 50% da população dependem de programas sociais governamentais e da sociedade civil.

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