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Gestantes criam grupo para incentivar parto natural em Teresina

Gestantes e profissionais como enfermeiras obstetras e doulas criaram um grupo, como uma rede de apoio via WhatsApp, que saiu da internet e virou encontros presenciais. O objetivo é incentivar o parto natural e munir as futuras mamães de informações. O tema virou alvo de diretrizes do Ministério da Saúde, visando reduzir a violência obstétrica e incentivar o nascimento com menos intervenção possível.

No último fim de semana, dez gestantes, enfermeiras obstetras e doulas se encontraram no Parque da Cidadania, Centro de Teresina, para tirar dúvidas sobre o assunto e buscar orientações sobre esse momento tão importante. Na ocasião, o fotógrafo Yago Araújo fez foto das gestantes, que buscam empoderamento para o momento em que – como preferem dizer – vão parir.

A artista e produtora cultural Camila Carvalho, 30 anos, conheceu o grupo por meio de uma prima. Ela diz que como é mãe de primeira viagem, tem muitas dúvidas. Segundo ela, o grupo está ajudando a tranquilizá-la sobre as situações que tem vivido durante a gestação.

“Um dos aprendizados que a mãe deve ter, é de ter paciência, não ficar ansiosa, porque o bebê tem seu tempo de nascer. Um dos esclarecimentos que tive é que muita gente acha é que existe esse tempo de nove meses, mas a maternidade não é contada dessa forma, é outro processo de contagem. Isso foi novo e, participar do grupo me deixou mais tranquila e me ajudou a entender o processo”, diz.

Camila está no sexto mês de gestação e contratou uma doula para acompanhá-la no início do trabalho de parto, em casa e, depois, seguir para a maternidade. Seu objetivo é ter um parto natural.

Segundo ela, uma das vantagens do grupo é ter profissionais da área orientando as gestantes.

Mitos e tabus 

A enfermeira obstetra Márcia Valéria conta que muitas ainda são as dúvidas e os mitos envolvendo o parto natural e a principal recomendação é cercar-se de informação e conhecimento, para fazer a melhor escolha.

“Recomendo às gestantes que pesquisem no site do Ministério da Saúde, vejam o vídeo do Renascimento do Parto, busquem instruções para quebrar tabus, se cerquem de bons profissionais que orientem conforme cada situação. A mulher deve conhecer o local onde for ter o filho para tirar suas próprias conclusões”, orienta.

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Segundo ela, muitos mitos ainda cercam o parto natural, principalmente quanto às situações em que pode ser realizado. Márcia diz que muitas mães ainda acreditam que a “barriga alta” no momento do parto, a circular de cordão (quando o pescoço do bebê está envolto pelo cordão umbilical) e o fato de o bebê não estar “encaixado” seriam motivos para uma cesariana. Contudo, essa realidade tem mudado, de acordo com a enfermeira.

“As pessoas estão sim tendo menos resistência e procurando mais o parto natural, querendo mais informações e vendo que essa é a melhor via de parto tanto para a mulher quanto para o bebê”, informou.

ENTENDA A DIFERENÇA:

PARTO CESARIANA: CIRURGIA EM QUE O BEBÊ NASCE POR MEIO DE UMA INCISÃO NO ABDÔMEN E NO ÚTERO DA MÃE.
PARTO NORMAL: É O PARTO POR VIA VAGINAL.
PARTO NATURAL: OCORRE QUANDO NÃO HÁ INTERVENÇÕES EXTERNAS AO TRABALHO DE PARTO NORMAL, SEM INDUÇÕES OU ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS.
PARTO HUMANIZADO: ACONTECE INDEPENDENTE DA VIA DE NASCIMENTO, QUANDO A EQUIPE SEGUE A POLÍTICA NACIONAL DO MINISTÉRIO DA SAÚDE E A PARTURIENTE É PROTAGONISTA E TEM SEUS DIREITOS E ESCOLHAS PLENAMENTE RESPEITADOS.

Vantagens do parto natural

Dentre as vantagens do parto natural, Márcia cita a redução de infecção para os dois e das hemorragias para as mães, as duas maiores causas de mortalidade materna hoje no Brasil. Para a mãe, há ainda o benefício de voltar mais rapidamente às atividades e poder cuidar e amamentar melhor o bebê.

A criança que nasce por via normal, por sua vez, tem melhor adaptação extra uterina, porque nasce no seu tempo e tem sua formação mais completa. Reduz-se principalmente os riscos de infecções respiratórias e outros problemas de saúde.

Cesarianas são importantes quando necessárias

A enfermeira diz que é importante destacar que as cesarianas não são um problema, quando devidamente indicadas. Márcia fala que, “quando bem aplicadas, cesarianas salvam vidas”.

Ela esclarece que, ao contrário do que muitos dizem, as enfermeiras obstretas e doulas não são contra a intervenção, mas é preciso estar atento à real necessidade.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) já preconiza que somente 15% dos partos necessitam do procedimento cirúrgico.

A enfermeira Márcia nota isso na prática. De 25 gestantes que já atendeu, somente quatro não tiveram a evolução necessária para o parto natural. O percentual é de 16%.

Para isso, a equipes seguem o que recomenda o Ministério, utilizando o partograma. Assim, é possível ver se a mulher está em condições de ter um parto natural sem riscos para ela e o bebê. 877d2efb3368cad3c982dc209b0d788c

Parto natural em Teresina

Segundo Márcia, não há dúvidas que se sobressaiam entre as gestantes que ela atende. Cada mulher possui questionamentos bastante particulares, mas algumas orientações ela considera fundamentais para quem deseja ter um parto natural e humanizado em Teresina.

Além da contratação de uma equipe, que pode ter enfermeiras obstetras, doulas e um médico obstetra, a mãe deve estar atenta a quais exames fazer e os locais em que pode ter seu bebê.

“No grupo, nós ficamos mais silenciosas, observando e tirando dúvidas, esclarecendo, elas que conversam mais entre si. Mas orientamos que locais buscar. Aqui em Teresina há uma maternidade particular e o Centro de Parto Natural da Maternidade Evangelina Rosa. Há ainda a do Buenos Aires e do Satélite, mas depende muito da equipe que vai recebê-la. Ela deve buscar o máximo de informações possíveis”, disse.

Dados

No Brasil, a taxa de partos cesariana não cresceu pela primeira vez, no ano de 2015. O aumento ocorria a cada ano desde 2010, segundo o Ministério da Saúde.

Enquanto a OMS diz que em média só 15% dos nascimentos precisam ocorrer via cesariana, nas maternidades privadas brasileiras essa taxa chega a 90%. Considerando apenas partos no Sistema Único de Saúde (SUS), a situação se inverte e o número de partos normais é maior, sendo 59% do total.

 

Fonte: Cidade Verde

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