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Iphan diz que danos aos prédios dos Três Poderes poderão ser revertidos

Um levantamento em texto e fotos das avarias no Palácio do Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados, no Senado Federal, no Palácio do Planalto, no Supremo Tribunal Federal, no Museu da Cidade, no Espaço Lúcio Costa e na Praça dos Três Poderes está em um relatório divulgado pelo órgão nesta quinta. Os prédios públicos e a praça são tombados e ficam sob responsabilidade do órgão do patrimônio.

O documento faz uma extensa lista dos danos em cada prédio. No Palácio do Planalto, por exemplo, cita que os vidros de todas as fachadas foram quebrados, as esquadrias foram removidas ou amassadas e a rampa de acesso teve seu mármore danificado. No interior da edificação, há marcas de fogo no carpete do terceiro andar e paredes e painéis de madeira foram pichados com caneta.

No Supremo, a bancada de madeira do plenário foi completamente removida e havia poltronas reviradas, incendiadas e com o estofamento arrancado. O teto tem arranhões profundos, diz o documento, devido à tentativa de remoção dos lustres.

De modo geral, disse Mauricio Goulart, analista de infraestrutura do Iphan em Brasília, os danos aos edifícios são reparáveis. Trata-se de trocar vidros quebrados e portas arrombadas, além de arrumar pisos danificados pelo espalhamento de pó de extintor de incêndio.

Ainda não há uma estimativa de quanto os restauros vão custar aos cofres públicos nem do prazo para a conclusão dos reparos, afirmou Leandro Grass, presidente do Iphan, ressaltando que o relatório, elaborado nos últimos dois dias, é preliminar e deve ser aperfeiçoado com o tempo.

O documento traz ainda uma relação das obras de arte danificadas, embora o Iphan não seja responsável pelo acervo dos edifícios, como quadros, esculturas e mobiliário, pois estes bens não são tombados, segundo informações no site do órgão.

Tais bens ficam a cargo das equipes de conservação de cada edifício, disse Goulart. O órgão do patrimônio pode, contudo, orientar eventuais restauros destas peças.

Ainda de acordo com o presidente do Iphan, não se pode afirmar agora que os golpistas que causaram os estragos vão arcar com os custos dos reparos -como ele afirmou que queria que acontecesse-, porque esta decisão ficará a cargo da Justiça. Grass disse que o Iphan está recebendo oferta de ajuda profissional de todo o Brasil para os restauros.

Em um primeiro momento, no entanto, o custeio será feito pelo orçamento das instâncias responsáveis. Por exemplo, no caso de obras de arte do Congresso, o próprio Congresso, ou do piso da Praça dos Três Poderes, o Governo do Distrito Federal.

O relatório traz uma lista de ações emergenciais a serem tomadas para que os prédios restabeleçam seu funcionamento, como a instalação provisória de tapumes e substituição do mobiliário danificado, e cita ações de médio e longo prazo, como por exemplo o restauro de um muro de Athos Bulcão na Câmara dos Deputados e a recuperação das áreas externas de mármore de todos os edifícios.

Será criado uma comissão, sob a liderança da ex-presidente do Iphan Jurema Machado junto com diferentes instâncias Estado, que irá coordenar as ações de apuração dos danos e restauro.

O trabalho do grupo acontecerá em três etapas. A primeira, já em curso, são os levantamentos preliminares e as ações emergenciais, de curto prazo, para garantir que os edifícios voltem a funcionar normalmente.

Depois, à médio prazo, vai ser feito o mapeamento dos danos e a elaboração de projetos para restauração do que for possível. Finalmente, a terceira fase é a execução das obras necessárias decorrentes disso.

“Pela nossa experiência, ações de levantamento de danos e elaboração de projetos não levam menos de seis meses, mas depende muito do objeto em questão”, afirmou Goulart.

As edificações da praça dos Três Poderes -o Palácio do Planalto, sede do Executivo, o Congresso Nacional, sede do Legislativo, e o Supremo Tribunal Federal, sede do Judiciário- foram tombadas em 2007 pelo Iphan.

Brasília, cidade planejada na década de 1950 durante o governo de Juscelino Kubitschek, foi inscrita pela Unesco em 1987 na lista do patrimônio mundial.

Logo após os ataques de domingo, autoridades e instituições ligadas à proteção do patrimônio se manifestaram. Em nota, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo classificou a invasão como um atentado grave contra “o primeiro conjunto urbano do século 20 reconhecido como patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas”.

O Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, o Icomos Brasil, afirmou que vai acionar instâncias internacionais para investigar o caso.

 

Fonte: Folhapress  (João Perassolo e João Gabriel) 

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