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Lágrimas insopitáveis

Estava no Fórum Desembargador Cândido Martins, por volta da 10h, talvez, nesta data (8/12), há 10 anos (2012), exercendo as minhas atividades ministeriais.

Recebi uma ligação telefônica. Era o amigo Gutemberg Rocha. Fez-se-me mensageiro da fatídica notícia.

Participou-me que a Dona Aldenora Nogueira Campos e Reis, minha mãe, acabara de falecer na UTI do Hospital São Marcos, aos 80 anos de idade, em Teresina, vítima de câncer na bexiga.

Dorinha havia se submetido a uma melindrosa cirurgia para extirpar uma malignidade tumoral, no ano anterior.

Em seguida, passou por rigoroso tratamento quimioterápico. Logo sofreu os efeitos colaterais, mas nunca se abateu espiritualmente. Mulher de fé inquebrável. Zeladora do Coração de Jesus. Louca pelo seu amantíssimo Ditinho, meu pai.

Consciente da gravidade da moléstia que a consumia, resignada, procurava visitar pessoas amigas, velada despedida.

Um belo dia mandou-me chamar em sua casa. Nos seus aposentos, fez-me diversas recomendações de ordem familiar e comunitária, o que — filho obediente — tenho tentado cumprir contando com a compreensão de muitos.

Nesta página evocativa à sua memória, revelo um desejo expresso da pranteada: — não deixar ao desabrigo Valdemar Francisco de Oliveira, pontuou.

Conhecido por Galiano, este ingênuo rapagão mora conosco há 50 anos, certamente. Muito engraçado. Gente boa!

Indaguei-lhe acerca do seu propósito. — É para que vocês sempre se lembrem de praticar a caridade, enfatizou.

Se por algum motivo Galiano se zangava, mamãe, com a sua autoridade moral, dirigia-se ao nosso irmão afetivo, assim: — Diga: sou filho de Deus e herdeiro do céu. E chovia preleções que o deixava em plena mansuetude.

Está chegando a noite cristã, a comemoração nazarena. Em toda minha vida, por esta época, mamãe repetia o mesmo gesto: abraçava-me com ternura e cantava, com suavidade, aos meus ouvidos “Botei meu sapatinho”, canção natalina. Emocionávamo-nos!

Ao escrever esta saudosa nota, ouço, perfeitamente, a sua maviosa voz entoando cantigas de ninar. Lágrimas umedecem o meu rosto!

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Por Carlos Rubem

 

 

 

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