“Ela deixou a questão correr solta no Congresso, favorecendo os setores ultraconservadores”, diz o biólogo e ambientalista João Paulo Capobianco, um dos assessores mais próximos de Marina. “Nunca se viu antes uma ligação tão íntima entre governo e conservadores do Congresso. Estamos assistindo a um retrocesso absoluto na questão ambiental.”
Na lista de nomes que o assessor da ministra lembra de imediato aparecem o de Paulo Bornhausen, que liderava o DEM na Câmara na época do debate e hoje comanda o diretório estadual do PSB em Santa Catarina; e Heráclito Fortes, outro que trocou o DEM pelo PSB. Ele também cita nomes de integrantes da bancada ruralista que manifestam simpatia pela candidatura do governador pernambucano, como Abelardo Lupion (DEM-PR) e Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Pancada. As impressões do ambientalista e deputado licenciado Carlos Minc (PT-RJ), que sucedeu à ex-ministra na pasta do Meio Ambiente no governo Lula e hoje é secretário estadual no Rio, não são nada favoráveis a Campos. Ele conta que, em abril de 2008, logo após ocupar a cadeira de ministro, constatou que o Estado que mais desmatava o remanescente da mata atlântica era Pernambuco.
Ruralistas. A questão da aliança entre governo e setores ruralistas conservadores tende a ser onipresente. Na avaliação de assessores de Marina, a excessiva proximidade entre Dilma e a bancada ruralista no Congresso é que estaria por trás do fato de não ter sido criada nenhuma área de conservação ambiental desde 2011. Também seria a causa de terras indígenas e quilombolas não terem sido ampliadas de maneira significativa.
Não por acaso, o primeiro sacrificado na coalizão PSB-Rede foi o deputado Caiado, histórico ruralista e líder da bancada do DEM na Câmara. Na semana passada, após ouvir a ex-ministra insinuar que não haveria espaço para os dois no mesmo barco da eleição, ele a acusou de “intolerante” e retirou o apoio que vinha dando a Campos.
Curiosamente, uma das vozes mais firmes que têm se levantado em defesa de Dilma é a da senadora Kátia Abreu (TO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), recém-filiada ao PMDB. “Marina conhece a floresta, mas desconhece o agronegócio. Se conhecesse, saberia que o Código Florestal trouxe segurança ao campo. Não é mais como na época em que ela era ministra e produzia decretos 24 horas por dia.”
Com informações do 180graus