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“Não vamos ter orçamento suficiente para fechar o ano”, alerta reitor da UFPI

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O reitor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), professor Arimatéia Dantas, alerta para o não pagamento dos fornecedores da universidade a partir do próximo mês. O gestor afirma que além da permanência do contingenciamento de 30% sobre os recursos destinados ao custeio, apenas pouco mais da metade foi liberada até agora.

“Se não tivermos a liberação dos recursos que estão bloqueados, não vamos ter orçamento suficiente para fechar o ano . A universidade não vai parar, não vamos parar a universidade, mas vamos deixar de honrar o compromisso com os fornecedores e ai poderá inviabilizar o funcionamento de alguns setores”, lamenta o reitor em entrevista à TV Cidade Verde.

A não liberação afeta os recursos das despesas correntes, chamadas de ODCs. “Tudo o que é necessário para o funcionamento da universidade como combustível, água, passagem, diárias, material de consumo para laboratório, material de consumo para expediente, locação de equipamentos, telefonia”, explica o reitor.

Segundo Arimatéia, na UFPI, cerca de 80% da folha são para pagamento de pessoal, incluindo servidores ativos e inativos, dentre eles aposentados e pensionistas. O restante, 20% é para custeio e é sobre esse percentual que houve o contingenciamento de 30% por parte do Ministério da Educação (MEC).

O reitor informou que a universidade já cortou cerca de 50% dos terceirizados servidores administrativos, além de celulares institucionais. Segundo ele, desde 2015 os recursos para custeio vêm diminuindo em contrapartida a um aumento nos recursos globais da universidade. “Não há mais como reduzir o quadro de funcionários”, afirma.

Energia

Em cinco campi, a universidade tem um consumo mensal de energia elétrica que custa cerca de R$ 1 milhão.  Somado ao pagamento dos terceirizados, esses recursos chegam a faixa de R$ 5 milhões por mês.

“Como nós estamos no 8° mês que corresponde a 2/3 do ano, nós já estamos com um déficit de 9% do orçamento. Mas mesmo assim estamos conseguindo fechar esse mês ainda sem dívida, mas a partir de setembro complica”, alerta o reitor..

Bolsas de mestrado e doutorado ficam comprometidas além do Hospital Veterinário, que é ligado ao orçamento da universidade. A inviabilidade do pagamento de energia pode afetar o funcionamento da residência e do restaurante universitários.

Hospital Universitário 

Com orçamento separado da UFPI, gerido pela Ebserh, o reitor informa que o Hospital Universitário não é afetado pelo bloqueio nos recursos da universidade.

Future-se

Sobre o projeto do governo federal que quer vincular o orçamento de universidades à iniciativa privada, Arimatéria avalia como “ainda muito nebuloso, não há muito detalhamento”. Para ele, de uma forma muito geral, o projeto quer desonerar o poder público do funcionamento da universidade.

O reitor assinala ainda que o país não possui uma cultura de investimento privado em inovação. “O Brasil não tem aquela tradição do empresário investir na universidade. As diferenças regionais também são muito grandes. O Piauí é muito diferente de São Paulo”, aponta.

Ainda segundo Arimatéia, a dependência de recursos privados afetaria a autonomia intelectual da instituição. “A pesquisa feita na área de ciências humanos não tem interesse do mercado. A pesquisa básica que é essencial para o futuro da ciência aplicada não tem interesse comercial. Se ficarmos dependendo só da iniciativa privada vamos ter que trabalhar naquilo que  iniciativa recomenda, deixando de lado aquilo que é essencial para a pesquisa pura”.

Na entrevista, o reitor chegou a afirmar que não há um comprometimento do Ministério da Educação em brigar por mais recursos para as universidades.

 

 

 

 

 

Fonte: Cidade Verde

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