Não é de hoje que a revolução causada pela internet chegou também aos corações apaixonados. Se a vida conectada mudou o mundo, com as relações amorosas não seria diferente. Sites e aplicativos que têm o objetivo de unir pessoas são famosos no espaço virtual. O Bate-Papo da UOL, que surgiu em 1996, foi talvez o primeiro e mais conhecido chat dedicado ao namoro. Dar um match e ter um crush são algo bem mais antigo que o Tinder, app símbolo da mudança do mercado de relacionamentos.

O que pouca gente sabe é que, ao contrário do que pensa o senso comum, as relações que começam com a ajudinha da internet, seja em apps ou sites de relacionamento, são mais estáveis e duradouras do que as que iniciam à moda antiga. Pelo menos é o que diz recentes estudos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos. Os pesquisadores afirmam que nos últimos 50 anos os casamentos mudaram depois da internet. Além disso, relacionamentos iniciados de forma online têm durado mais.

A pesquisa mostra ainda que depois dos primeiros sites de relacionamentos, no início dos anos 1990, houve um nítido aumento de união entre pessoas de raças e classes diferentes que se conheceram nas plataformas online. Se antes os casais se formavam através do trabalho, da igreja, amigos, no bairro e com um alcance menor, hoje em tempos de facilidades tecnológicas é possível interagir com pessoas fora do círculo comum sem nem sair de casa.

Ajudinha

As plataformas de paquera fazem análises dos perfis para provocar os encontros certeiros. Para afirmar que alguém tem 90% de compatibilidade com o perfil do outro, por exemplo, os sistemas destes programas bebem da fonte que chamamos de algoritmos. Isso quer dizer que eles cruzam dados parecidos em perfis para que seja possível ver o fulano que tem afinidades parecidas com outro.

A arquiteta urbanista Samela Vieira, 28 anos, e o implantador de sistemas Cássio Cesar de Araújo, 26 anos, são um exemplo disso. O casal se conheceu no final de 2009 através do site Netlog, o que seria o Facebook da época, e estão juntos desde então. Para Samela o mais interessante foi a forma como o Cássio a abordou. “Ele foi um dos únicos que teve uma abordagem diferente. Falou que tinha visto meu perfil e que tinha achado interessante a minha forma de pensar, queria saber se podíamos manter uma proximidade com relação à amizade mesmo. Exclui todos e deixei só ele”, relembra ela.

Cerca de cinco meses depois é que engataram o namoro. Eles se conheceram pessoalmente quando Cássio resolveu fazer uma surpresa a Samela visitando-a em seu local de trabalho. No dia, eles se desencontraram, pois ela não havia ido ao trabalho, mas logo marcaram um encontro no mesmo lugar. Na época, ele era um garoto de 16 anos, montado em uma bicicleta. Ainda hoje, ele consegue descrever quando a viu pela primeira vez. “Ela usava uma blusa branca florida, calça jeans que ia até o meio da panturrilha, uma plataforma bege e usava o perfume Egeo Dolce que eu nunca mais esqueci”, relata. O relacionamento, que começou com uma solicitação de amizade em um site, deu tão certo que rendeu casamento no ano passado.

Os aplicativos online oferecem uma infinidade de opções, assim é possível se interessar por alguém que não se vê em um primeiro momento. Em especial em sites de conversa, a ditadura da beleza fica de lado quando o relacionamento se inicia dessa maneira. Não são poucos os que admitem que não teriam se aproximado de alguém fora do padrão imposto pela sociedade caso o primeiro contato fosse pessoalmente. Porém, após o período de namoro virtual, isso já não importava.