O problema da educação pública parece estar além da tão dita “falta de verbas”. Na manhã desta terça-feira, dia 02, um funcionário do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Piauí flagrou, na Associação dos Cegos do Piauí (ACEP), centenas de livros novos fazendo parte do “lixão” de papéis a serem enviados para a reciclagem.
Nas fotos, feitas pelo funcionário, que fora deixar papéis para reciclagem, e divulgadas pela assessoria de comunicação do Sindicato, aparecem pacotes de livros que sequer foram retirados do saco plástico. As imagens mostram o Hino Nacional na contra capa das obras, item obrigatório nas publicações distribuídas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC), às escolas públicas de todo o país.
“Eu fiquei horrorizado quando vi aquele monte de livros sendo descartados, enquanto poderiam estar sendo utilizados por crianças de várias idades. É o nosso dinheiro que está aí para ser jogado fora. Parece que o poder público não liga a mínima para a população”, desabafa o funcionário, que não teve o nome revelado, por meio da assessoria do sindicato.
No fim da tarde, quando a equipe do O DIA foi à Associação, na zona Sul de Teresina, um caminhão que levaria o material para a reciclagem já estava carregado. Sobravam pelo chão, algumas obras e pilhas de cartilhas educativas para a inclusão das pessoas com deficiência.
O presidente da Associação, Janilton Marques, esclarece que a ACEP apenas recolhe papéis “velhos” e vende para a reciclagem, com o objetivo de ajudar na manutenção da entidade. Segundo Janilton, cada kg dos papéis são vendidos a R$ 0,15. O caminhão, com capacidade para até seis toneladas, recolhe o material, em média, a cada três meses.
Em relação aos livros, o presidente ressalta que a Associação recebe doações de vários lugares e não saberia precisar de onde tais volumes teriam vindo. “Esses livros vêm de vários pontos, às vezes são aqueles livros que, mesmo sendo novos, eles estão em desuso. É o que nos afirmam quando fazem essas doações pra gente”, explica.
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