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Piauiense ganha prêmio internacional com pesquisa sobre negras em profissionais elitizada

A professora e pesquisadora piauiense Adriana Sousa foi uma das quatro ganhadoras do Prêmio John M. Tolman 2022, promovido anualmente pela Brazilian Studies Association (Brasa). Adriana faz doutorado na Faculdade de Educação na Universidade de São Paulo (USP) e o trabalho premiado da acadêmica trata-se de um dos capítulos de sua tese, pesquisa que aborda a presença de mulheres negras em profissões elitizadas no Brasil.

Adriana logo foi aprovada no mestrado em Educação da Universidade Federal do Piauí (UFPI). “Na federal eu entendi que o caminho da pesquisa era um caminho possível para mim. Eu terminei o mestrado em 2015 e logo me mudei para São Paulo por questões pessoais. Nessa época eu já deslumbrava fazer doutorado na USP”, afirmou a pesquisadora.

A pesquisadora é natural do município de São João do Piauí, a 462 km de Teresina, que ingressou no ensino superior através de um programa da Universidade Estadual do Piauí no interior do estado. Ela começou a cursar pedagogia na cidade natal e, em seguida, conseguiu transferência para Teresina, onde terminou a graduação.

A tese

Praça do Relógio no campus da USP em São Paulo. — Foto: Marcos Santos/USP Imagens

No doutorado, Adriana desenvolve uma pesquisa sobre a atuação de mulheres negras em profissões elitizadas, ou seja, locais diferentes dos que foram pensados para elas.

“Existe uma teórica com quem eu trabalho que diz que, na sociedade brasileira, a mulher negra vive um processo de exclusão que é patenteado por três papéis sociais. As mulheres negras são entendidas por domésticas, mulatas ou mães pretas. Reconhecendo esse lugar que, ainda hoje, a mulher é vista nele, eu olho para aquelas que estão desempenhando uma função que é diferente dessas que foram pensadas para elas. Aí eu estudo as estratégias, as práticas dessas mulheres nessas profissões elitizadas”, explicou a doutoranda.

As profissões elitizadas que a pesquisadora se refere são as de médica, engenheira e advogada. Segundo Adriana, essas três áreas foram pensadas para a elite brasileira, ainda no período do Império.

“São profissões elitizadas não só pelo notório reconhecimento social, que até hoje eles gozam de privilégios, mas também porque um sociólogo fez um trabalho demonstrando que essas três áreas foram pensadas pela elite brasileira, ainda no Império, para atender essa elite, se valeu de estratégias para manutenção de uma divisão não só de ganhos econômicos, mas também de prestígios”, disse a pesquisadora.

O prêmio

Adriana se inscreveu no congresso Brasa, voltado para pesquisadores de todo o mundo que estudam o Brasil, para apresentação de um dos capítulos da sua tese intitulado “Eu sou tudo o que eles não esperavam: mulheres negras entre agência e estrutura racial”. O trabalho foi aprovado e logo submetido à premiação.

“São três etapas para a premiação de um trabalho nesse congresso: análise da pesquisa, do currículo e da carta de recomendação da orientadora do candidato”, comentou a pesquisadora.

Além de Adriana, foram premiados um pesquisador brasileiro da Universidade de Campinas (Unicamp) e dois estadunidenses, sendo um da Universidade de Tulane e outro da Universidade do Kansas.

“O prêmio é um reconhecimento a tese que possui um tema importante, relevante. O prêmio serve para causar uma divulgação da pesquisa”, comentou a doutoranda.

 

 

 

 

 

Fonte: G1 Piauí

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