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Polícia Federal faz operação e prende suspeitos de crime ambiental em Oeiras

Delegados da Polícia Federal explicam como agia organização criminosa

A Polícia Federal no Piauí cumpriu nesta quarta-feira (26), em Oeiras, cinco mandados de prisão (preventivas e temporárias) de suspeitos de participar de um esquema criminoso de fraudes contra os órgãos de fiscalização ambiental. Ivan Borges Avelino (“Papinha”); a ex-mulher dele, Fátima Barreto; Manoel Ivan Monteiro (“Gaúcho”) e Higor Haas foram ouvidos durante todo o dia e, em seguida, encaminhados para o sistema prisional. Outro preso, identificado como Gessan, foi transferido para Teresina, onde deve prestar depoimento à PF.

Segundo o delegado de Repressão ao Crime Organizado, Alexandre Uchôa, as pessoas que participavam do esquema falsificavam o Documento de Origem Florestal (DOF) ao informarem no sistema que a madeira retirada para a produção de carvão tinha origem no Piauí, quando na verdade a lenha era desmatada em outros estados, em áreas mais próximas de indústrias siderúrgicas.

Delegados da Polícia Federal explicam como agia organização criminosa

Delegados da Polícia Federal explicam como agia organização criminosa

A delegada Lea Cecília Muniz, chefe da delegacia de repressão ao crime do Meio Ambiente, disse que os envolvidos poderão responder por corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica, dissimulação de origem florestal, comercialização e transporte ilegal, além de organização e associação criminosa. Crimes inafiançáveis.

“Foram quase três anos de investigações, onde inconsistências de informações no DOF e imagens de satélites levaram ao cumprimento desses mandados. Os envolvimentos prestam depoimento nas delegacias e deverão ser encaminhados para o sistema penitenciário, onde responderão por diversos crimes inafiançáveis”, ressaltou Lea Muniz em entrevista coletiva.

A investigação aponta danos ambientais calculados em aproximadamente R$ 53 milhões levando-se em consideração o custo estimado para recuperação das áreas degradadas.

Infográfico da PF mostra como foi feita operação.

Infográfico da PF mostra como foi feita operação.

PF explica como funcionava organização criminosa

“O esquema funcionava da seguinte forma: produtores rurais ou associações detinham crédito de manejo florestal em áreas do Piauí. Eles cadastravam no sistema de fiscalização do Ibama chamado DOF, depois vendiam essa licença e notas de retirada de carvão mineral produzido no Piauí para siderúrgicas ou empresa de fora. Com esses documentos, os donos de siderúrgicas extraiam madeira e produziam carvão em locais mais próximos de suas empresas e usavam as licenças compradas no Piauí, para fingir a legalidade dessa extração, colocando como se fosse buscada no Piauí”, explicou Lea Muniz.

Ainda de acordo com a delegada, as pessoas presas seriam interlocutores dessa negociação. “Esses produtores e pessoas que participavam da fraude foram presas, a maioria no interior do Piauí.  A investigação ainda deverá explorar a participação das siderúrgicas e grande empresas, em outro momento da investigação”, destacou.

A Polícia Federal destacou que todos os presos deverão ser encaminhados para presídios estaduais, de acordo com a disponibilidade de vagas.

Ao todo, estão sendo cumpridos 26 mandados de busca e apreensão, 12 mandados de prisão temporária, 11 mandados de prisão preventiva e 11 mandados de condução coercitiva nos Estados do Piauí, Bahia, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Pará, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, sendo a maior parte no Estado do Piauí nos municípios de Teresina, Oeiras, Floriano, Picos e São Raimundo Nonato. Dentre as prisões decretadas estão a de dois servidores públicos federais da área de fiscalização ambiental.

Servidores do Ibama e Semar estão entre os presos

Dois servidores públicos estão entre os presos durante a operação. Segundo a PF, os dois servidores atuam na área de fiscalização ambiental no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Ibama) e Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Semar). Foram cumpridos 26 mandados de busca e apreensão, 15 destes no Piauí. Do total de 12 mandados de prisão temporária e 11 mandados de prisão preventiva, foram cumpridas no estado piauiense seis e cinco respectivamente.

A operação Forjas visa desarticular grupo criminoso que atua principalmente na simulação, falsificação e comercialização de créditos de produtos de origem florestal a partir de licenciamentos ambientais no Estado do Piauí, com o intuito de acobertar desmatamentos ilegais geralmente em outros Estados da Federação. O esquema visa, sobretudo, abastecer empresas siderúrgicas com carvão vegetal produzido clandestinamente em áreas mais próximas daquele mercado consumidor para isso utilizando-se dos documentos obtidos no Piauí.

O nome da operação faz alusão ao verbo “forjar” em razão da principal prática criminosa de adulterar, manipular e simular créditos florestais.

A operação conta com o apoio do IBAMA e da Receita Federal, no Piauí.

 

Da redação

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