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Seca já acumula prejuízos de R$ 1 bilhão, revela Fetag

 

foto 157023 74329“Trabalho com a agricultura desde os sete anos e nunca tinha visto uma seca tão violenta como esta que estamos  vivendo. Não chove. Está tudo seco. Todos os agricultores estão desesperados. Muitos não têm acesso à  água. Todos os reservatórios da cidade secaram, a gente está sendo abastecido por poços tubulares, que também funcionam de forma precária. A gente olha para o céu e fica na esperança que os mormaços sejam de chuva. Mas nada”.

O desabafo é de Manoel Pereira Lima, de 60 anos, agricultor e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade de Nova Santa Rita, localizada no Sudeste piauiense. A realidade do agricultor Manoel Pereira não é diferente das outras 250 mil famílias que sofrem com o problema da estiagem no Piauí.

Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agriculturado Piauí (Fetag-PI), Evandro Luz, a situação passa de alarmante. “Estamos com muita dificuldade. A chuva não chegou no período que esperávamos. A queda nas cadeias produtivas de caju, mel, feijão, milho e outros produtos já causam um prejuízo de mais de um bilhão de reais. Além disso, as políticas de socorro não chegam a contento ao agricultor”, afirma o presidente.

Outros produtos também sofreram queda na produção com a seca prolongada. O leite, segundo informações da Fetag-PI, teve um desfalque de 70%. “As vacas estão magras e fracas. Os agricultores não têm como dar alimento para elas, isso acarreta a pouca produção de leite”, garante.

Com a falta de pastos para alimentar os rebanhos, os criadores se vêem obrigados a vender parte dos animais para adquirir alimento. Muitos dos animais já morreram pela falta de água e pasto.”Acreditamos que mais de 700 mil animais já morreram. Sem falar nos que foram vendidos para dar sustentação aos outros. Mas os prejuízos vão além dos animais. A safra de caju sofreu um declínio de 70% a 90%. Sem falar que aquilo que mais nos preocupa é a forma como estes agricultores recuperarão todas essas perdas”, declara Paulo Manoel de Carvalho, secretáriode Políticas Agrícolas da Fetag-PI.

Cerca de 85% dos municípios do Estado já decretaram estado de calamidade devido os problemas da longa estiagem. Segundo informações da Defesa Civil do Piauí, este número permanecerá inalterado, uma vez que é esperado um período de chuva nos próximos meses, o que poderá amenizar a situação.

Mesmo assim, as cidades continuam sofrendo com a falta de água. Em Jaicós, na região Sudeste do Estado, existem apenas dois poços para abastecer uma população de mais de 18 mil habitantes. Para os administradores da Fetag-PI, outros problemas poderão surgir em decorrência da seca. A falta de grãos para o período de plantio é uma das coisas que têm preocupado os presidentes de sindicatos de trabalhadores rurais das regiões mais atingidas.

“Não temos uma reserva de grãos para atender aos agricultores no período de plantio. O calendário agrícola do Piauí já começou e vai até o fim do mês de fevereiro. Solicitamos à Secretaria de Desenvolvimento Rural a distribuição destas sementes e também de mudas de caju e mandioca, que são as mais difíceis de serem adquiridas”, afirma Paulo Manoel de Carvalho.

Manoel acredita que a fome é uma realidade constante dos agricultores que passam pelos problemas da seca e que a aposentadoria rural tem sido a salvação para estas pessoas. O secretário faz uma análise e conclui que “em uma cidade que tem como fonte de renda apenas a agricultura e a pecuária, como os agricultores  conseguem sobreviver é uma boa pergunta. A verdade é que a aposentadoria rural tem salvado muitas dessas pessoas”.

Portal O DIA

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