A carta enviada pelo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, a diretores escolares provocou reação em lideranças da esquerda e da direita política. O deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) disse que vai acionar o Ministério Público Federal. O movimento Escola Sem Partido criticou a postura do governo e a comparou à gestão do PT. E o Senado pretende inquirir o ministro nesta terça-feira.
O que está acontecendo: Vélez Rodríguez quer que seja lido nas escolas um texto com slogan de campanha de Jair Bolsonaro. E pediu que os alunos sejam filmados cantando o hino nacional. Educadores apontaram contradição do governo, que prega combate à “doutrinação ideológica”.
Opinião: a circular enviada pelo ministro é típica de ditaduras, e sua receita já foi usada no regime militar e no Estado Novo, afirma Bernardo Mello Franco.
Entenda o caso:
O Ministério da Educação enviou a escolas do país uma carta em que pede para que alunos, professores e funcionários sejam colocados em fila para cantar o hino nacional em frente à bandeira do Brasil. O documento também pede que o momento seja filmado e enviado ao novo governo. A mensagem é assinada pelo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, para quem a medida visa saudar “o Brasil dos novos tempos”.
“Brasileiros! Vamos saudar o Brasil dos novos tempos e celebrar a educação responsável e de qualidade a ser desenvolvida na nossa escola pelos professores, em benefício de vocês, alunos, que constituem a nova geração. Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!”, afirma a mensagem.
A carta, enviada por e-mail para diretores de escolas públicas e particulares do país, gerou reação de educadores. No e-mail, Rodríguez pede que a mensagem seja lida antes da execução do hino –o que faria com que diretores citassem também o slogan de campanha de Bolsonaro.
O pedido foi revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Em nota, o ministério informa que a carta traz um pedido de “cumprimento voluntário” para o primeiro dia do ano letivo, o qual “faz parte da política de incentivo à valorização dos símbolos nacionais”.
“Para os diretores que desejarem atender voluntariamente o pedido do ministro, a mensagem também solicita que um representante da escola filme (com aparelho celular) trechos curtos da leitura da carta e da execução do hino”, informa a pasta em nota.
O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) informou via Twitter que deve denunciar Vélez por crime de responsabilidade. “Isso é inadmissível”, disse.
Fonte: O Globo