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Ganhar ou perder: a Copa pode ter efeito sobre a política?

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Pelé na final de 1970: craque da seleção de um país que vivia uma ditadura empenhada em tirar proveito do sucesso da Canarinho

 

O Brasil estréia amanhã na Copa da Rússia. A Canarinha está entre as favoritas. Indiferente ao favoritismo, há quem torça contra – em protesto, motivado pela (crítica) situação do país, ou contra a corrupção escancarada dos últimos tempos. Um bom exemplo é o grupo de teresinenses que resolveu torcer pela Argentina. Mas há também quem torça a favor, mesmo sendo contra o governo – porque mais importante é o jogo, e a seleção nacional.

A história mostra diversos exemplos de uso político do esporte. Há o caso das olimpíadas de Berlim, em 1936, quando Hitler quis mostra a “Nova Alemanha” ao mundo. Ou o empenho (dentro e fora dos campos) da ditadura argentina, em 1978, para fazer a Albiceleste campeã. E há o caso brasileiro, com exemplos e mais exemplos dessa mistura. Um dos mais conhecidos refere-se à destituição de João Saldanha, às véspera do embarque para o México, em 1970.

No caso do “Escreque” de 70, é bom lembrar que estávamos em uma ditadura. E o uso do futebol foi explícito, como forma de empanar as atrocidades que aconteciam nos porões do regime. Também tivemos a reação dos mais extremados opositores de então: diz-se que torciam contra, para não fortalecer a ditadura.

Vale uma reflexão: o resultado da Copa interfere no humor do brasileiro? Ganhar ou perder pode definir, por exemplo, a relação do eleitor com o governo de plantão?

Vamos conferir a partir dos cinco títulos conquistados pelo Brasil (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002), no comparativo com as eleições presidenciais. Nessa lista de cinco, vamos acrescer as duas Copas realizadas no Brasil (1950 e 2014), ambas perdidas.

• Copa de 1950: Foi um ano de eleição presidencial, que se realizou em outubro. Portanto, depois da Copa. O Brasil perdeu a Taça em casa. E a oposição ganhou a eleição com Getúlio Vargas.
• Copa de 1958: Não coincidiu com eleição presidencial, que só aconteceria dois anos depois. O primeiro título foi só festa.
• Copa de 1962: A eleição presidencial aconteceu dois anos antes. Assim, o segundo título foi só e somente só festa.
• Copa de 1970: Sob ditadura, o país não votou para presidente. Apesar disso, houve um amplo uso político da seleção, antes, durante e depois da Copa que gerou o Tri para o Brasil.
• Copa de 1994: Taça conquistada. O governo conquistou também a presidência, através de Fernando Henrique. O êxito eleitoral, no entanto, talvez se explique mais pelo sucesso do Plano Real.
• Copa de 2002: Fernando Henrique era presidente, e o Brasil vivia uma crise econômica. A seleção ganhou a Copa, mas não adiantou: a oposição levou a eleição com Lula.
• Copa de 2014: Dilma Rousseff era presidente, e fez de tudo para não aparecer nos estádios, temendo vaias. O Brasil fez um papelão, o país se dividiu nas urnas mas o governo venceu, com a reeleição de Dilma.

Traduzindo: não há relação de causa e efeito entre os resultados em campo e os votos colhidos nas eleições presidenciais do mesmo ano de Copa.

Fonte:Cidade verde

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