O início da estratégia de vacinação contra a dengue, marcada para fevereiro, está no centro de discussões em uma reunião técnica entre o Ministério da Saúde, a farmacêutica Takeda e entidades da sociedade civil. Com a limitada capacidade de produção do laboratório, o desafio aumenta, especialmente diante de dois anos consecutivos de recordes de mortes pela doença e a expectativa de até 5 milhões de casos em 2024.
O anúncio da incorporação da vacina Qdenga no Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro gerou expectativas, mas a proposta inicial da fabricante sugere a imunização apenas de crianças de 4 anos e adultos de 55 anos. Contudo, o Ministério da Saúde avalia ampliar a faixa etária, considerando orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) de aplicar a vacina em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos, focando nas áreas de maior incidência.
Dentro da previsão de distribuição de 5 milhões de doses em 2024, o plano ministerial busca restringir a campanha aos municípios com alta transmissão de dengue. O boletim epidemiológico de 2023 destaca que os estados do Sudeste, Sul e Centro-Oeste foram os mais afetados, com Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Goiás liderando em incidência.
Método Wolbachia
Seis municípios receberão mosquitos modificados pelo método Wolbachia, uma estratégia para conter a doença. Natal (RN), Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR) e Joinville (SC) se juntarão aos já contemplados Campo Grande (MS), Petrolina (PE), Belo Horizonte (MG), Niterói (RJ) e Rio de Janeiro (RJ).
Métodos adotados pelos estados
Diante do aumento previsto nos casos, estados já planejam estratégias inovadoras. Minas Gerais adotará drones para dispensar larvicidas em áreas com água parada. O Espírito Santo focará em ações multissetoriais, envolvendo empresas, associações e líderes religiosos. O Paraná renovou fumacês e fortaleceu equipes de rastreio e saúde da família. O Distrito Federal intensificará inspeções domiciliares, e Goiás capacitou profissionais para manejo clínico adequado.
Alerta de especialistas
No entanto, especialistas ressaltam que qualquer medida governamental será limitada sem o apoio da população. A prevenção e eliminação de focos de mosquitos intradomiciliares são essenciais, e a agilidade do sistema de saúde no atendimento de casos graves é fundamental. O desafio também inclui a distribuição desigual de recursos federais, com estados mais afetados recebendo menos financiamento. A necessidade de uma abordagem inteligente, considerando não apenas a situação atual, mas também a possibilidade de escalada nos casos, permanece como uma preocupação.
A luta contra a dengue requer não apenas estratégias governamentais eficientes, mas uma colaboração ativa e conscientização da sociedade para alcançar resultados significativos.
Fonte: Meio Norte