Com a queda na média móvel de mortes por Covid-19 nos últimos dias, surge a esperança de que o Brasil esteja se aproximando do fim da pandemia. Em rodas de conversa, as pessoas estão se questionando: estaríamos atingindo a imunidade de rebanho ou as medidas restritivas estão funcionando?
Sim, os índices no Brasil estão melhorando e podemos ter esperança – mas com cautela. Especialistas ouvidos pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, apontam diversas razões para a diminuição na quantidade de óbitos. Porém alertam: não podemos relaxar as medidas de segurança para que os números continuem baixando.
A média móvel de mortes por conta da doença no Brasil chegou a 679, na quarta-feira, 09, o menor número desde 13 de maio, quando o Ministério da Saúde registrou 659,1 falecimentos. Naquela época, o coronavírus ainda estava se espalhando pelo Brasil. O gráfico a seguir mostra a trajetória do indicador. É possível perceber nitidamente a queda na média móvel depois de um longo período de estagnação em torno dos mil falecimentos diários.
Média móvel de mortes por Covid-19 no Brasil
Essas pessoas, por terem ficado mais desprotegidas, também transmitiram a doença para mais gente. “No período inicial da epidemia, o contágio é mais rápido e intenso. Após essas pessoas ‘superconectadas’ ficarem imunes – mesmo que não seja para sempre –, a transmissão desacelera”, continuou.
O epidemiologista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Jonas Brandt mostra razões adicionais. “Vimos em alguns estados que a partir de 20% a 30% de sorologia positiva na população o vírus começa a encontrar dificuldade em manter altos patamares de infecção, porque as pessoas estão adotando medidas, aumentando isolamento físico e usando máscaras”, disse.
“Alguns lugares estão conseguindo organizar as respostas à pandemia para acelerar essa queda e realmente conter o vírus. Outros estão abrindo mais e reduzindo o distanciamento físico. Isso vai fazer com que a baixa nos números seja menos acentuada – o caso do Distrito Federal”, falou.
A diferença entre as unidades da Federação é perceptível quando se compara a evolução da curva formada pela média de mortes nos últimos sete dias em cada uma delas. A grade de gráficos a seguir permite fazer essa análise.
Outro ponto levantado por Brandt é a superlotação do sistema de saúde. As unidades de saúde só conseguem testar uma parte dos pacientes internados. Além disso, existe demora no resultado laboratorial e o país não faz rastreamento de contato das pessoas que recebem diagnóstico positivo. “Para bater o martelo nessa resposta, ainda precisamos entender se realmente a epidemia está caindo ou os hospitais estão tão extenuados que começam a não detectar ou investigar, resultando em uma queda artificial”, apontou.
Fonte: Metrópoles