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Opinião: Eles não sabem o que fazem!

Por Jota Jota Sousa

Subamos com respeito estes degraus em que o tempo transformou a encosta do Tabuleiro que serve de patamar à Igreja. Com o mesmo respeito com que os venceram, no correr desses anos todos, quase trezentos, os devotos de Nossa Senhora. Escreveu Dagoberto Carvalho Jr. em seu PASSEIO A OEIRAS. Um grupo de jovens subiu estes degraus, não ajoelhou, não rezou, não fez o sinal da cruz e ignorando todo e qualquer respeito quebrou a cruz onde no correr desses anos todos, quase trezentos, os filhos deste chão aprenderam a curvarem-se no exercício da fé. A cidade amanheceu (e não podia ser diferente) estarrecida diante do fato. O que veio a seguir é do conhecimento de todos: Queixa na polícia, a procura pelos responsáveis e comentários de toda natureza etc. Na missa dominical D. Juarez participou a todos que já se sabia dos autores, faltavam apenas algumas apurações finais.

eb0c069fca44616a2953643c7d84f16bAo passar pelas imediações da casa paroquial uma voz chamou pelo meu nome. Fui de encontro ao amigo que me disse com profunda amargura: “Foi meu filho quem quebrou o Cruzeiro.” Não foram necessárias outras palavras para perceber sua vergonha, sua dor e medo pelo que viria pela frente por ser este um homem da comunicação e notadamente um ativista político. “Eles não sabem o que fazem!” Foi minha resposta. Mesmo ciente de que eles devem ser responsabilizados pelo atentado cometido, defendo convicto, que a culpa não recaia apenas sobre eles. Que não caia somente sobre os ombros dos pais. Que esta culpa seja dividida com cada um de nós. Eles não sabem o que fazem porque nós estamos ignorando-os. Porque não está chegando até eles lá no Rosário, no Jureminha, no Uberaba, Canela, Vila Santa Teresa e em outras partes desta terra propostas culturalmente mais estimulantes. Eles não sabem o que fazem porque estão trôpegos dos “sabadões”, das carreatas, das caminhadas políticas regadas a muita cachaça distribuída gratuitamente. Eles não sabem o que fazem porque a cultura de Oeiras está rebolando e de salto alto. Porque o social está capenga, em razão de secretários truculentos sem epiderme e sem alma. Porque foi instalada em nossa Oeiras a desprezível prática “Da farinha pouca o meu pirão primeiro”. Porque são tão limitados que não conseguem enxergar que a única saída é a inclusão em todas as frentes. Eles não sabem o que fazem porque políticos malditos e sazonais compram votos com dinheiro sujo. Porque em suas mãos não chegam livros no tempo certo. Não chegam os instrumentos musicais e computadores que obsoletos estão abarrotando depósitos de certas fundações.

Como nos doeu este ato de ver nosso cruzeiro quebrado por três jovens. Como isso mexeu com nossa acomodação. A nossa covarde acomodação por vê-los deixando prematuramente e com espantosa frequência suas vidas esfaceladas no asfalto. Mas eles não morrem nem matam as sete da manhã nem às cinco da tarde, nem nos mesmos lugares onde acontecem as previsíveis abordagens policiais. Morrem ou matam na madrugada. Ouviram? Morrem ou matam na madrugada! Morrem ou matam na madrugada! Morrem ou matam na madrugada! E no outro dia a notícia vem nos acordar: O filho de Fulano se acidentou e morreu; O Filho de Sicrano está a caminho de Teresina. Tomamos nosso banho, escovamos nossos dentes e cabelos e saímos com a espantosa naturalidade que tomou conta da gente.

Que possamos olhar com melhores olhos para a nossa juventude. É urgente! Dia 05 de outubro tem eleições. Durante alguns segundos você ficará sozinho com sua consciência diante de uma urna. É um tempo pequeno, mas o suficiente para você começar fazer alguma coisa e mudar os rumos de uma história que a cada dia se torna sem graça alguma.

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