O tradicional desfile militar que comemora a independência do Brasil, no dia 7 de Setembro, promete ser cercado de tensão em Brasília. Não durante a marcha, que deve contar com 3.000 militares desfilando, assistidos por 25.000 espectadores, entre eles a presidenta Dilma Rousseff e algumas dezenas de autoridades, mas após a cerimônia oficial. Dois grupos que se opõem visceralmente prometem dividir o mesmo espaço assim que a cavalaria, os veículos blindados e a esquadrilha da fumaça deixarem o chão e o céu da Esplanada dos Ministérios.
De um lado estarão os representantes de movimentos sociais de esquerda capitaneados por sindicatos, centrais sindicais, entidades de trabalhadores rurais e sem-teto, além de partidos como o PT, PCdoB e PSOL. Juntos, eles protagonizarão o Grito dos Excluídos, que há 20 anos ocupa o mesmo espaço depois dos desfiles pelas capitais brasileiras no dia da independência.
Do outro lado estarão ao menos dez coletivos que reúnem os que são a favor do impeachment de Dilma Rousseff. São grupos de direita, ou extrema direita, que se mobilizam principalmente pelas redes sociais e ganharam força nos últimos meses com ao menos três grandes jornadas de protestos no Brasil.
O objetivo do primeiro grupo é repetir pedidos ouvidos por todos os Governos brasileiros nas últimas duas décadas, como assentar todas as famílias de sem-terra ou melhorar as condições dos trabalhadores. Dessa vez, a crítica também se direciona à política fiscal com cortes e mudanças em benefícios em meio à crise econômica . “Uma de nossas pautas é tentar evitar a aprovação da lei da terceirização, que vai escravizar os trabalhadores brasileiros”, disse secretário de políticas sociais da Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal, Ismael César. Pretendem também defender a democracia —em concreto, apoiar a presidenta contra o que julgam ser uma escalada golpista.
Fonte: El País