Os bispos do Piauí, membros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Regional Nordeste IV, na qualidade de pastores de suas comunidades, desejam iluminar o cenário das próximas eleições municipais oferecendo pensamentos e reflexões que possam contribuir para o aprimoramento do processo eleitoral.
Reafirmamos nossa convicção no valor e importância da atividade politica como serviço ao nosso povo, amparados sobretudo no testemunho de Jesus Cristo: “O filho do homem não veio para ser servido. Ele veio para servir, e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos” (Mt 20,28).
No exercício da atividade politica, justifica-se a organização partidária que se reveste de princípios e visa alcançar o poder para transformá-lo em serviço eficaz ao povo. Nossa prática tem demonstrado, infelizmente, vícios e distorções que obscurecem o brilho do setor tão fundamental para nossas vidas.
Níveis altos de desobediência ás leis, como compra de votos, conchavos interesseiros, uso de dinheiro publico em campanhas eleitorais, levaram a sociedade a se movimentar pela aprovação da lei da “Ficha Limpa”, recentemente aprovado pelo supremo tribunal federal. Nada mais justo, pois, do que batalhar por uma eleição limpa, confiável e que devolva esperança ao povo. E apostamos na possibilidade de termos militantes políticos com ficha limpa. Ao contrário, com o povo, sobretudo os pobres, desaprovamos os corruptos e aproveitadores.
Recomendamos vivamente á sociedade organizada a implantação de comitês contra a corrupção eleitoral de acordo com a lei 9840/99, como contribuição para uma eleição transparente e limpa.
Preservando nossa identidade católica, queremos externar nossa rejeição a candidatos que não primam pelo bem comum, não defendem o direito e a justiça, não promovem e nem defendem a vida, e ainda, aprovam o aborto e a eutanásia, em frontal desrespeito aos valores humanos e cristãos. O bom politico está sempre em sintonia com o povo que representa. Além disso somos partes de uma sociedade cuja a maioria valoriza a família e a vida.
Por fim, reafirmamos nossa confiança e concitamos mesmo os leigos a ocupar seu lugar numa autentica militância que nos leve a “novos temos” (cf. DAp 505-507). “O vasto e complexo mundo da politica, da realidade social e da economia, é campo próprio dos leigos” (Em 70). “Os sacerdotes devem permanecer afastados de um engajamento pessoal na politica, a fim de favorecerem a unidade e a comunhão de todos os fiéis e assim poderem ser uma referência para todos” ( Bento XVI, Vista ad limina 2009). Reiteramos nosso pronunciamento publicado referente as eleições de 2008.
Acompanharemos a todos com nossas orações, como cidadãos e Pastores.