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Um bom menino

Estava ontem (08.02.2020) na Cidade Verde quando tomei conhecimento da morte repentina do amigo Francisco José de Sá Ramos, 55, vítima de fulminante infarto, em Oeiras. Recebi inúmeras mensagens e telefonemas me notificando deste infausto acontecimento.

Sá Ramos, conhecido de todos, era de uma doçura encantadora. Tez branca, louro, olhos verdes, tinha a fala arrastada. Portador de um sorriso aparvalhado, um bom menino!

Sempre que me via, fazia o maior barulho, demonstrava carinho. Rapazinho, foi acometido de esquizofrenia. Sabia tudo sobre a moléstia de que padecia. Vez outra, surtava. Passava temporadas em clínicas especializadas na Capital.

Comenta-se que certa feita ao receber alta do Aureolino de Abreu, ao sair deste hospital psiquiátrico, disse para a pessoa que fora lhe recepcionar, que queria voltar para a sua terra natal de avião. Enfatizava que havia regular linha de transporte aéreo para cá. Insistia ir para o aeroporto de Teresina. Fui uma luta convencê-lo ao contrário…

Inteligente, estudou na Unidade Escola “Farmacêutico João Carvalho”. Lá, tornou-se aluno da tia Amália Campos. Com certa frequência, visitava a sua antiga professora, que conta hoje com 96 anos, por quem lhe tinha o maior respeito. Gostava de relembrar episódios estudantis. A aludida Mestra se alegrava com sua gratidão e afeto.

Quase que diariamente ia ao Cemitério Municipal prestar homenagem filial junto à cova de sua inesquecível mãe, Dona Iolanda. Levava flores, acendia velas. Chorava copiosamente!…

Certa feita, houve um desfile de moda no extinto BNB Club. As manequins se apresentavam garbosamente. Num intervalo para a troca de roupas das garotas, eis que Sá Ramos subiu na passarela posando como modelo, mostrou caminhado estiloso. A plateia o ovacionou entre aplausos, gritos e gargalhadas. Um dos organizadores do evento quis impedir a sua inesperada performance, ação por mim demovida. Foi um sucesso. Estava feliz!

Em dezembro passado, ao ensejo das comemorações natalinas, uma plêiade de caridosas mulheres, promoveu, mais uma vez, uma confraternização com os usuários do CAPS. Ao final, Sá Ramos pediu para levar três fatias de pizza para um colega seu que estava acometido de profunda depressão, no que foi prontamente atendido.

Pena que não cheguei a tempo para assistir ao velório e sepultamento deste meu querido amigo!

 

 

 

 

 

 

Por Carlos Rubem

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