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10 mil alunos da rede pública devem ingressar nas universidades

Milhares de estudantes piauienses comemoraram o resultado do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), divulgado na última segunda-feira (28). O número de aprovados da rede pública de ensino do Piauí chegou a 5 mil e a projeção da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) é que esse número cresça ainda mais e que aproximadamente 10 mil estudantes ingressem no Ensino Superior.

“Somente no Sisu, contabilizamos quase 5 mil aprovações em 80 cursos de diversas áreas. Com a abertura do sistema do Programa Universidade para Todos (ProUni), que tem 4.525 vagas somente para o Piauí, esse número de aprovações deve quase dobrar, já que o Prouni contempla apenas estudantes de escolas públicas”, comemora Ellen Gera, superintendente de Ensino Superior da Seduc.

fa7ad583 d6ef 40d9 af3f 817e6c3aaba0 9c5c3ae9 540b 4873 ac4e 8ff27f8ec99dCrédito: Efrém Ribeiro

Os alunos da rede estadual lograram êxito nos mais diversos cursos das universidades públicas, sobretudo nos mais concorridos, como Medicina – que subiu de 15 em 2018 para 39 aprovações neste ano.

“Dobramos o número de alunos aprovados no curso de Medicina. Tivemos aprovados em todas as áreas, mas boa parte dos alunos da rede estadual ainda tem como primeira opção os cursos de licenciatura”, destaca Ellen Gera.

Grande parte dos bons resultados veio das escolas de Tempo Integral, que têm uma dinâmica diferenciada, a começar pela carga horária ampliada, na qual os alunos passam, em média, nove horas no interior da escola.

De acordo com o coordenador dos Centros de Tempo Integral da Seduc, Clebe Sousa, “todo esse tempo na escola permite que o aluno, além de ver as disciplinas da base comum, como Língua Portuguesa, Matemática, Biologia; tenha a possibilidade de trabalhar outras disciplinas eletivas, como Projeto de Vida, Protagonismo Juvenil, dando a oportunidade de conviver por mais tempo com seus professores e outros alunos para traçar metas em comum e fazer discussões para seu desenvolvimento social, dando uma bagagem crítica e diferenciada”, explica.

Aprovada para o curso de Ciências Contábeis na Universidade Federal do Piauí (UFPI), Gabrielly Araújo, 18, sempre foi aluna da rede pública. “Moro com minha mãe, que é cozinheira; meu pai, que é pedreiro; e uma irmã mais nova. No meu Ensino Médio, estudei no Ceti Professor Raldir Cavalcante Bastos, uma escola pública de Tempo Integral que coloca muita fé em todos os alunos, com gestores que sempre nos apoiam e incentivam. Lá, tive ótimos profissionais que me guiaram durante todo o ano de 2018. No 3º ano, a escola colocou o Enem como foco, mas sem deixar de lado as atividades normais. Tivemos aula de redação todas as semanas com a professora Missione Aurélia, uma profissional. Foi o ponto primordial para eu ter conseguido ser aprovada no Enem. Estudava o dia todo, mas, ainda assim, conseguia estudar em casa. Foi um ano e tanto”, afirma a futura contadora.

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Ampliação

De 2016 a 2018, a Secretaria da Educação trabalhou com uma expansão significativa das escolas de Tempo Integral. “Começamos com 30 escolas e hoje já estamos com 79. Atendemos todas as Gerências Regionais e os municípios com maior índice populacional, e isso tem contribuído para as aprovações em várias partes do Estado e não mais em apenas algumas escolas, como Augustinho Brandão, ou nas escolas da capital. Exemplos dessa nova realidade podem ser vistos em Monsenhor Hipólito, Oeiras, Corrente, com alunos aprovados nos mais diversos cursos”, garante Clebe.

Os pais são só orgulho pela aprovação. Jhessana Barreto, mãe do estudante Marcos Martins de Oliveira Junior, 1º lugar em Ciências Biológicas no IFPI de Valença, não esconde a alegria e satisfação. “Meu filho Marcos foi aprovado em 1º lugar para Biologia pelo SISU, com apenas 17 anos completados no dia 31 de dezembro. Ele concluiu o Ensino Médio em 2018, na escola Benedito Portela Leal, programa mediação. A conquista dele também é uma conquista da educação e do programa de Mediação Tecnológica, e isso gera incentivo aos demais jovens. O Marcos dedicou os finais de semana dele ao Pré-Enem na escola, nunca perdeu aula e nunca vi reclamar de nada disso. Acho válido exaltar uma conquista que engloba professores, coordenadores e um programa de ensino da mediação, que mostra que realmente funciona e que gera frutos. Eu estou satisfeita com o desempenho dele e de todos os ‘colaboradores de conhecimento’ que ele teve. Seus mestres, professores, que são tão merecedores de reconhecimento quanto ele”, agradece a mãe.

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Tecnologia aliada na educação

Conhecido como Canal Educação, o Programa de Educação com Mediação Tecnológica é um sistema que mescla transmissão de aulas via satélite e interatividade em tempo real entre professores (no estúdio) e alunos (nas salas de aulas espalhadas por todo Piauí) com um profissional de ensino permitindo uma mediação interativa que vem revolucionando a educação no Estado. Com 403 polos em todos os municípios, o Canal atende mais de 30 mil alunos de todas as séries do Ensino Médio, Ensino de Jovens e Adultos, UAPI, preparatório do Enem, além de transmitir as revisões do Enem Seduc.

“A Mediação Tecnológica democratiza o acesso à educação, chegando a escolas de todos os municípios do Estado e sendo implantado ainda em ambientes localizados em zonas rurais, como povoados, quilombolas e fazendas. As aulas que são ofertadas via mediação tecnológica conseguem atender a todos os estudantes da rede pública com qualidade e excelência, garantindo bons resultados nas avaliações internas e externas”, afirma Ellen Gera, que também é diretor da Unidade de Educação com Mediação Tecnológica da Seduc.

Revisões aproximam alunos da vitória

Criado com o intuito de ajudar os alunos a revisar os conteúdos das disciplinas cobradas no Enem e também de motivá-los e orientá-los para esta que é a principal porta de entrada para as universidades públicas, o Pré-Enem Seduc realizou, em 2018, seis grandes revisões em Teresina, que atenderam milhares de alunos de todo o Estado, por meio de transmissões ao vivo pelo Canal Educação e TV Meio Norte. Além disso, os estudantes podem tirar dúvidas durante as aulas por meio de um sistema de videoconferência, garantindo que elas sejam dinâmicas e interativas.

“No interior, foram realizadas 20 revisões, que beneficiaram mais de 18 mil alunos, além de 8 revisões nos presídios para os privados de liberdade que se inscreveram no Enem PPL. Trabalhamos para alcançar todos os estudantes que busquem uma oportunidade de crescimento por meio da educação”, diz Ellen Gera, superintendente de Ensino Superior da Seduc. No dia 31 de outubro, a Seduc promoveu o Corujão da Vitória, em Teresina. Foram mais de 10 horas seguidas com as 12 aulas de revisão e os mais de 7 mil alunos que compareceram ao Corujão da Vitória se mantiveram firmes no Theresina Hall até o amanhecer.

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Ao longo do tempo, o Pré-Enem Seduc implementou outras ferramentas para alcançar ainda mais estudantes. Um deles foi o aplicativo Pré-Enem/Canal Educação, onde os estudantes da rede pública contam também com aulas ministradas via Canal Educação, que chegaram aos municípios mais distantes. As aulas têm transmissão ao vivo, aos sábados, das 7h50min às 17h30min, com intervalos, e no domingo, das 7h50min às 12h, totalizando 15 horas semanais de conteúdo preparatório para o Enem.

Além de aulas das disciplinas cobradas no certame, os estudantes têm acesso também a vídeos motivacionais e dicas para a prova. Por meio da plataforma digital, o aluno também pode enviar sua redação para correção on-line.

“Mais de 5 mil redações foram corrigidas por meio do aplicativo. As escolas também fizeram um excelente trabalho, colocando aulas extra da disciplina e o resultado foi muito positivo. Esse ano tivemos excelentes notas na Redação, com alunos atingindo 980, 960 pontos”, lembra Helder Jacobina.

Transporte ajuda a reduzir abstenção

Na campanha Reta Final, alunos da capital e do interior tiveram acesso gratuito ao sistema de transporte coletivo para irem até seus locais de prova. A campanha Passe Livre, uma ação da Seduc em parceria com o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut), disponibilizou passes estudantis para os alunos do 3º ano da rede pública estadual, que moram em Teresina, para que estes possam trafegar gratuitamente no transporte público da capital, nos dias de aplicação das provas do Enem.

“Em 2018, mais uma vez, conseguimos garantir o Passe Livre, para os alunos da rede pública estadual de Teresina e interior chegassem aos seus locais de prova. Com esse esforço, conseguimos, pela terceira vez consecutiva, fazer com que o Piauí fosse o Estado com menor número de abstenções do pais “, afirma o secretário de Estado da Educação, Hélder Jacobina.

“Nossa gestão sempre trabalhou para universalizar o ensino e oferecer o ciclo completo. Conseguimos levar o Ensino Médio e Superior para todos os municípios, e agora queremos dar condições para que os alunos desses municípios consigam concorrer de igual para igual com os da capital. Estamos muito felizes e satisfeitos com o resultado, mas queremos e vamos fazer com que esses números cresçam sempre mais”, afirma o governador Wellington Dias.

1º lugar em Direito da UFPI quer ser juíza

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Exemplo de força de vontade e superação. Essa é a melhor forma de descrever a história de Andréa Eduarda Coelho dos Santos, aprovada em 1º lugar em Direito pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) no sistema de cotas no grupo de deficiente físico e de escola pública. Ela é uma das seis estudantes da rede pública que tiveram êxito e conquistaram vagas no Ensino Superior. Aos 18 anos, a menina da periferia de Teresina quebrou estereótipos e provou que é possível, mesmo com todas as adversidades, realizar o sonho de ser juíza.

Nada poderia ser capaz de deter a menina, que desde cedo enfrenta grandes obstáculos. Aos três anos, após ser atropelada por um carro junto com a avó, ficou paraplégica, mas nem a condição de cadeirante impediu que Andréa concluísse o Ensino Médio no tempo certo e fosse aprovada em uma universidade pública para um dos cursos mais concorridos no país na primeira tentativa.

A aluna da Unidade Escolar Lourival Parente, na zona Sul de Teresina, acordava todos os dias às 05h e dormia às 23h. A jovem se dividia entre o ensino regular ofertado pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc) pela manhã, estudava em casa à tarde, ia para a fisioterapia, e à noite ainda frequentava um cursinho pré-vestibular, também de iniciativa pública. Aos fins de semana, a rotina de estudos não parava, “tinha que me dedicar aos livros pelo menos duas, três horas aos sábados e domingos”, explica.

A diretora, Jocielma Magalhães, fez questão de adaptar a estrutura da escola para que nada interferisse no desempenho da jovem. “Colocamos a rampa de acessibilidade na entrada, solicitamos à Gerência de Educação Especial da Seduc uma mesa adaptada e o transporte escolar ia buscar e deixar ela na porta de casa”.

Os professores que sempre fazem simulados e revisões em sala de aula percebiam que ela podia ir longe.

“A Andréa sempre foi uma aluna muito assídua, gostava de participar das aulas. Fiquei muito contente com a aprovação dela. É realmente um exemplo de superação”, fala a professora de espanhol, Rosileide Aguiar.

Na Unidade Escolar Lourival Parente, a diretora ainda comemora as aprovações no Sistema de Seleção Unificada (Sisu). De três turmas com alunos na 3ª série do Ensino Médio, calcula-se uma média de 30 aprovações por ano. E a tendência é melhorar com um projeto de estudo voltado para a preparação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na própria escola.

Dedicação dos alunos é diferencial 

O estudante Bento Vinícius, de 17 anos, que estudava no Centro Estadual de Ensino Fundamental de Tempo Integral (CETI) Professor Raldir Cavalcante Bastos, em Teresina, afirma que a maior dificuldade enfrentada nas escolas públicas é o ensino, mas os professores buscam melhorar buscando novas didáticas e formas de ensinar.

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“Como os alunos querem o conhecimento, reforçam os estudos durante a noite”, afirmou Bento Vinícius, que estudava no colégio em tempo integral e durante a noite em casa.

Aprovada para o curso de Design, Moda e Estilismo da UFPI e que estudou no CPM, Fernanda Maria, de 18 anos, afirmou que o ensino do colégio onde estudava é de qualidade, mas como é de ensino integral, a dificuldade enfrentada era superar o cansaço.

“Após estudar em tempo integral, a gente tem que encontrar mais forças para estudar em casa. Eu também fazia no Pré-Enem. Para superar essa dificuldade, é preciso ter apoio da família, dos amigos e força de vontade”, ensina Fernanda Maria.

O estudante Matheus Henrique, de 17 anos, aprovado para o curso de História da UFPI, concluiu o Ensino Médio no CETI Professor Raldir Cavalcante Bastos, e destacou a dedicação dos professores.

“Tive muita sorte de estudar em uma escola com ensino de qualidade e professores que se dedicam aos alunos”, disse Matheus Henrique.

Fonte: Meio norte

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