Pular para o conteúdo

Conheça os cineastas oeirenses que já têm seis filmes lançados e preparam o sétimo

“Abreu e suas 3 mulheres” , “As aventuras de Xixi e Cocô” , “Zaion – O cavaleiro do mal”, “No tempo do chifre” , “Só se for agora”. Os títulos, ainda desconhecidos pelo grande público, são de longas-metragens produzidos por dois cineastas amadores oeirenses. Desde 2010, Antoniel de Abreu, 19 anos, e o tio dele, Domingos de Abreu, de 29, roteirizam, produzem, gravam, dirigem e atuam em filmes nascidos de suas imaginações e vontade de fazer cinema.

O primeiro, “Abreu e suas 3 mulheres” é baseado em fatos reais e narra a história do pai de Mimingo de Abreu, nome artístico de Domingos, estrela do longa no papel do homem que teve mais de uma dezena de filhos em três casamentos. A produção tem cenas gravadas em São Paulo, Campinas, áreas rurais de Oeiras e em Novo Oriente, terra natal de boa parte da família dos cineastas.

filme

Cartaz do filme “Abreu e suas 3 mulheres” 2; Foto: Arquivo Pessoal

“Começamos a gravar no quintal de casa. Depois fui a São Paulo buscar minha mãe, fiz umas cenas lá e colocamos no começo do filme. Você pensa até que o filme é produzido no Rio de Janeiro. É bem profissional”, descreve.

A história, que ganhou até uma continuação – “Abreu e suas 3 mulheres” 2, é construída com base em relatos de parentes e pitadas de ficção e improviso. “O texto é improvisado, mas o roteiro todo é pensado. Sempre dá uns errozinhos que a gente usa no final do filme. Os atores se divertem”, descontrai Mimingo de Abreu, que também protagoniza outros longas da Antoniel Produção, nome que batiza a produtora dos filmes.

“Meu pai cometeu suicídio, mas minha mãe pediu para não colocar isso no filme. Colocamos de outra maneira. Minha mãe até se emocionou vendo”, confidencia o ator, diretor e roteirista, entregando o desfecho do filme.

foto

Os cineastas amadores Mimingo e Antoniel de Abreu em visita ao Portal Integração; Foto: Rogério Silva


Filmes são vendidos por R$ 3

O patrocínio de cinco comerciantes do bairro onde moram, a Vila São José, na periferia da cidade, ajuda os cineastas a arcar com os custos das produções. “A gente usa o dinheiro para pagar algumas viagens que fazemos e, às vezes, até sobra um pouco pros atores”, diz Mimingo.

Os produtores contam que o processo de filmagem das películas é demorado. “A gente grava mais é no final de semana”, entrega Mimingo, explicando que tem dificuldade de reunir o elenco – as produções chegam a reunir 50 atores no casting.

2

Cartaz do filme “No tempo do chifre”; Foto: Arquivo Pessoal

A primeira parte de “Abreu” demorou mais de um ano para ficar pronta, comenta Antoniel, que faz o trabalho de edição das imagens. A sequência tem 1h30 de duração na primeira parte e quase 2h na segunda.

Depois de editadas, as produções são reproduzidas em DVD e distribuídas a vendedores ambulantes. “Eles vendem por R$ 3 ou dois por R$ 5”, pontua Domingos, seguido por Antoniel, que informa que os filmes também estão à venda em sua casa.

Filmes são lançados na rua

A produção dos filmes envolve toda a família Abreu e o elenco dos longas é composto por vizinhos e parentes dos cineastas. Ainda longe dos tapetes vermelhos hollywoodianos, os lançamentos dos filmes são feitos em frente às casas dos cineastas. “Fechamos a rua e colocamos o filme no telão. Sai muita gente até outros bairros para ver”, comenta Mimingo.

Para anunciar o lançamento do último longa, “Só se for agora”, a dupla fez propagandas em carros de som e postou chamadas no Facebook. Antoniel explica mantém o canal de vídeos no Youtube, mas as produções ainda não estão abertas ao público.

4

Chamado do filme “Só se for agora”; Foto: Arquivo pessoal

As primeiras imagens dos longas foram feitas pelo celular de Mimingo – um smartphone da marca Samsung. “Nem dá para perceber que é de celular”, comenta.

Logo depois, o pai de Antoniel o presenteou com uma câmera digital. Agora, os filmes são feitos em uma câmera profissional específica para vídeos. “Queremos montar um estúdio e comprar equipamentos mais modernos”, planeja Mimingo, depois de comentar que tem o sonho de ser ator profissional.

Perguntados sobre a inspiração para roteirizar e dirigir os longas, a dupla de cineastas oeirenses confessa: “A gente não se inspira em ninguém. Acho que é por isso que não sai muito bom” , diz Mimingo, enquanto sorri. “Gosto de histórias de chifre”, completa Antoniel, confidenciando uma fixação por traições amorosas.

foo

Cineastas falam sobre processo de filmagens; Foto: Rogério Silva

Comédia, drama, drogas e embate entre mocinhos e vilões são temáticas recorrentes nos filmes dos cineastas oeirenses. “‘Abreu’ é um história real, tem drama e comédia; ‘Zaion’ é sobre um vilão que luta contra o bem; ‘As aventuras de Xixi e Cocô’ fala sobre drogas e mostra um pouco da realidade de Oeiras, onde adultos incentivam crianças a vender drogas”, analisa Mimingo de Abreu.

Apesar de já ter sido gravado há algum tempo, ‘Zaion’ nunca foi reproduzido em DVD. “Na época eu era bem tímido, tinha vergonha”, confessa o cineasta e protagonista do filme, contando que apenas uma produção da dupla teve cenas gravadas no centro de Oeiras. “A maioria dos atores tem vergonha de gravar no centro”, pontua Mimingo.

Filme evangélico

Com seis filmes lançados, a dupla se dedica atualmente às gravações do sétimo longa, que tem roteiro religioso. “É um filme evangélico”, anunciam. Intitulado ‘O Conselho’, o filme já começou a ser rodado e é produzido com a ajuda de um tio dos cineastas.

“Queremos concluir as gravações em três meses”, comentam, sem dar detalhes sobre o enredo do filme.

Domingos e Antoniel dizem que já tentaram exibir suas produções no Cine Teatro Oeiras. “Mas, na época Antoniel achou muita burocracia e desistimos”, comenta Mimingo. Agora, a dupla quer ganhar visibilidade para apresentar seu trabalho em canais de televisão e levar suas histórias para novas plateias.

Assista trecho do filme “Abreu e suas 3 mulheres”

 

Por Jadson Osório

 

 

 

Comentários
Publicidade

Deixe um comentário

Aviso: os comentários são de responsabilidade dos seus autores e não refletem a opinião do Portal Integração. É proibida a inclusão de comentários que violem a lei, a moral e os princípios éticos, ou que violem os direitos de terceiros. O Portal Integração reserva-se o direito de remover, sem aviso prévio, comentários que não estejam em conformidade com os critérios estabelecidos neste aviso.

Veja também...

Portal Integração