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Músicos de Oeiras PI relatam as dificuldades da profissão após a pandemia

Músicos de Oeiras - Rafael Ferreira, Arlan Santos, David Borges - Arquivo

Desde que a pandemia começou o desemprego bateu na porta de muitos brasileiros. Os profissionais da música, por exemplo, foram duramente afetados com as novas restrições de isolamento social. O Portal Integração ouviu alguns músicos de Oeiras que relataram as dificuldades.

As dificuldades financeiras

Alan

Alan dos Teclados (Músico )

Arlan Lima dos Santos, mais conhecido como Alan dos Teclados, tem 26 anos, é cantor, tecladista e vive exclusivamente da música. “Desde criança fui apaixonado pela música”, conta. Mas com a chegada da pandemia, Arlan viu sua paixão passar por dificuldades, principalmente financeira.  “Na questão financeira após a pandemia ficou ruim demais porque antigamente a gente tocava festas com portaria e hoje não pode, agora só pode tocar em barzinho com mesas limitadas”, ele explica.

O cantor acrescenta que antes da Covid 19 em uma festa com portaria conseguia apurar em torno de 2 mil e quinhentos reais a 3 mil reais e que o cachê era melhor. Outro problema para ele é que o decreto municipal só permite shows com no máximo dois músicos, mas sua banda conta com cinco integrantes.

“Não é permitido que as pessoas dancem durante a festa e aí nós temos que segurar o pessoal para não dançar se não levamos uma multa de 5 mil reais, acho que a gente é desvalorizado nessa parte e falta apoio, a gente não ganha o suficiente para pagar uma multa dessas”, desabafou. Mesmo com as dificuldades financeiras, Arlan não recebeu nenhum tipo de apoio financeiro por parte do poder público.

Foi preciso se reinventar

David

David Ostentação (músico)

O vocalista da banda David Ostentação, David Wallace Borges de Carvalho de 22 anos é outro oeirense que vive exclusivamente da música e conta que durante a pandemia foi prejudicado e que por isso precisou se reinventar. “Fui prejudicado tanto na divulgação do meu trabalho, quanto na vida financeira, pois fiquei sem meu sustento, mas continuei vivendo da música. Ao invés de fazer shows passei a viver de plataformas digitais e aluguel de iluminação para lives”.

Segundo a União Brasileira de Compositores, as carreiras mais prejudicadas pela pandemia foram as de instrumentistas, intérpretes e compositores e que cerca de 30% dos profissionais da música perderam toda a sua renda com a paralisação dos eventos.

David lamenta a situação de sua classe. “Infelizmente o apoio à classe foi muito pouco da parte das autoridades. Para muitos a música ainda não é uma profissão e sim uma diversão, não somos levados a sério. Acho que nós, músicos deveríamos nos unir mais e lutar pelos nossos direitos”.

A falta de apoio e representatividade  

Rafael

Rafael Ferreira ( músico )

O multi-instrumentista Rafael Araújo Ferreira de 24 anos faz a ressalva de que a classe precisa receber mais apoio porque a música ainda é vista como um hobby e não como uma profissão. “Se trata de uma profissão como qualquer outra e que inclusive dá muito trabalho”, afirma.

Rafael acredita que apoio das empresas privadas e dos órgãos públicos é fundamental para os músicos. “Os artistas que têm madrinhas e padrinhos empresários conseguem captar mais recursos. Os donos de bares e restaurantes preferem muitas vezes contratar artistas de fora ao invés dos da região porque sai mais barato. No que diz respeito ao poder público eu creio que falta é uma conscientização porque muitas vezes a participação nos projetos é burocrática e excludente”, explicou.

O músico destaca que é muito recente o apoio do município aos artistas porque não há representatividade da classe dentro do poder público e nenhuma associação de músicos em Oeiras. “Há pouco tempo é que foram incluídas cadeiras para os músicos dentro do Conselho Municipal de Cultura, então eu acredito que boa parte da falta de apoio é decorrente da inexpressividade da classe”, acrescentou.

As ações do município de Oeiras PI

O Secretário de Cultura e Turismo de Oeiras, Stefano Ferreira reconhece que o setor cultural foi o primeiro a parar e explica que o município teve ações em prol dos artistas. “No ano passado nós executamos a Lei Aldir Blanc na sua totalidade. Foram 49 agentes culturais, dentre eles músicos e 10 grupos que receberam através de um edital esse recurso aqui no município”, afirma.

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Stefano Ferreira – Secretário de Cultura e Turismo de Oeiras PI

Stefano informa que foi feito um mapa cultural do município com cadastros de artistas locais e que no mês de setembro será realizada a Mostra Prata da Casa com três finais de semana em que três atrações musicais irão se apresentar através de lives pelo canal da Prefeitura no Cine Teatro Oeiras sem a presença do público.

O Secretário destaca que Oeiras é referência, porque a música está inserida na formação escolar com grupos de orquestras de violão, bandolins e percussão. Ele finaliza dizendo que “Os artistas são alma da cidade, sobretudo em uma cidade como Oeiras que tem uma grande tradição cultural e por isso aproveitamos a pandemia para trabalhar instrumentos de políticas públicas de cultura que valorizam ainda mais a produção cultural do município”.

 

Por Sheron Weide

 

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